Graciano Aedzane Pronhopa, cacique da etnia xavante, destacou que sua aldeia na terra indígena de Sangradouro, em Poxoréu (MT), utiliza a “roça mecanizada” para subsistência e afirmou que o governo brasileiro deve dar liberdade para os indígenas desenvolverem suas terras, garantindo sua qualidade de vida e desenvolvimento, sem deixar de lado suas tradições e cultura. Ele ressaltou que a tribo utiliza a agricultura mecanizada desde 1979 e lamentou a dependência da entrega de cestas básicas.
Arlnaldo Tsererowe, também cacique xavante, da terra indígena Parabubure no município de Campinópoles (MT), informou sobre a dificuldade de acesso aos representantes da Funai em Brasília, desde o governo de Fernando Henrique Cardoso. Segundo ele, os líderes indígenas que procuram apoio não são ouvidos e enfrentam falta de resposta dos órgãos competentes.
Durante a CPI, o senador Chico Rodrigues (PSB-RR) anunciou que já enviou cinco caminhões e tratores para os indígenas de seu estado através de emendas parlamentares. Contudo, o senador Marcio Bittar (União-AC), relator da CPI, destacou que esse tipo de ajuda não é suficiente para resolver o problema. Ele defendeu mudanças na lei para aumentar o poder dos indígenas sobre suas terras e permitir a exploração dos recursos naturais.
Mauro Carvalho Junior, ex-secretário-chefe da Casa Civil do governo de Mato Grosso, acrescentou que a exploração da terra pelos indígenas interfere na convivência nas cidades, mencionando o exemplo da etnia Haliti-Paresi em Campo Novo (MT), onde os comércios passaram a acolher os indígenas, diferente do passado onde fechavam suas portas com medo de saques.
Durante a CPI, também foi tratada a questão das ONGs, com a acusação de que algumas não aplicam corretamente os recursos destinados aos indígenas. Graciano Aedzane Pronhopa ressaltou a importância da prestação de contas das ONGs e mencionou apenas o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), vinculado à Igreja Católica, como uma entidade que ajuda a comunidade indígena.
Arlnaldo Tsererowe afirmou que em sua região não há atuação de ONGs e que os membros de sua tribo não compactuam com essas entidades. Além disso, ele criticou a falta de acesso aos serviços de saúde, dependendo da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde para transportar os doentes ao posto de saúde.
O senador Jayme Campos (União-MT) ressaltou que os indígenas buscam qualidade de vida e desejam ter acesso à saúde e educação, assim como o direito de explorar os recursos naturais de suas terras.
No contexto das próximas diligências, a CPI aprovou um requerimento para visitar o município de São Félix do Xingu, no Pará, onde ocorrem supostas ações do governo federal e ONGs para retirar moradores da terra indígena Apyterewa. O relator, Marcio Bittar, espera realizar essa visita após a diligência externa no Mato Grosso para visitar a etnia indígena Haliti-Paresi.