O Pampa, que representa mais de 68% da área total do Rio Grande do Sul, é o bioma menos protegido do país e enfrenta sérias ameaças devido ao avanço da monocultura de grãos e da silvicultura. Essas atividades têm levado à rápida substituição das áreas de vegetação campestre, com pouca altura, por plantações de soja e expansão de áreas de cultivo de árvores. A situação é ainda mais preocupante no Pampa Sul-Americano, bioma composto por mais de 1 milhão de quilômetros quadrados entre Brasil, Argentina e Uruguai, que sofreu a perda de 20% de sua vegetação campestre no mesmo período.
O biólogo e professor titular do Departamento de Botânica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Paulo Brack, alerta para a gravidade da situação. Ele aponta que a perda acelerada dos campos nativos está sendo impulsionada principalmente pelo avanço das plantações de soja e da silvicultura, que aumentou sua extensão em mais de 720 mil hectares no período analisado.
Brack também ressalta a importância da pecuária no Pampa, destacando que o investimento nessa atividade, aliada a iniciativas como o turismo ecológico, a criação de frutíferas nativas e a agricultura familiar, têm potencial para ajudar na preservação do bioma. No entanto, ele lamenta a falta de iniciativas por parte dos governos estadual e federal para criar mais unidades de conservação e incentivar atividades mais compatíveis com a preservação do Pampa.
Uma proposta que tramita no Senado, de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), pretende incluir o Pampa como patrimônio do país, juntando-se à Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Pantanal Mato-Grossense, Serra do Mar e Zona Costeira como reconhecidos pela Constituição Federal. A aprovação dessa Proposta de Emenda à Constituição (PEC) seria um passo importante para reconhecer a importância do Pampa e garantir sua preservação.
O termo Pampa, de origem indígena quíchua, descreve com precisão a paisagem de campos naturais de gramíneas do bioma, que é essencial para a manutenção da biodiversidade e do equilíbrio do ecossistema. Portanto, a proteção e preservação do Pampa são indispensáveis para garantir a conservação da rica sociobiodiversidade do Rio Grande do Sul. Com atenção e investimento adequados, é possível reverter o cenário preocupante do desaparecimento do bioma e assegurar sua existência para as futuras gerações.