UFAL – Aílton Krenak, indígena e ativista ambiental, é eleito para a Academia Brasileira de Letras em gesto histórico de reparação.

Aílton Krenak, indígena, escritor e ativista ambiental, foi eleito para ocupar a cadeira nº5 da Academia Brasileira de Letras (ABL) com 23 votos. Ele assume o lugar que antes pertencia a José Murilo de Carvalho, que faleceu em agosto. A conquista de Krenak é um marco histórico, pois ele se torna o primeiro indígena a fazer parte da ABL.

Krenak, que esteve recentemente em Maceió para participar da 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, concedeu uma entrevista exclusiva onde falou sobre sua forma de viver e encarar o mundo, sua luta política pelos direitos indígenas e do meio ambiente, e a importância de valorizar a cultura indígena e a oralidade.

Segundo Merval Pereira, presidente da Academia, a vitória de Krenak na ABL é um reflexo do momento em que o mundo se preocupa cada vez mais com o meio ambiente e com os direitos dos povos originários. Ele ressaltou ainda que a Academia reconheceu a importância de fazer uma reparação histórica ao trazer um indígena para ocupar um lugar na instituição.

Em sua entrevista, Krenak enfatizou que sua eleição representa muito mais do que apenas uma cadeira ocupada na ABL. Com isso, a literatura indígena é reconhecida e passa a ter acesso a esse espaço. Além disso, ele destacou que sua presença na Academia abre caminho para que jovens e crianças indígenas vejam a literatura como uma possibilidade em suas vidas.

Durante a Bienal do Livro de Alagoas, Krenak falou sobre a importância de espaços como esse, onde se promove a leitura e se oferecem outras perspectivas para as novas gerações. Ele elogiou a Bienal de Alagoas, que é a única do país promovida por uma universidade pública e que possibilita o acesso gratuito à população.

No entanto, ele também fez críticas às bienais e feiras de livro que acontecem apenas nas regiões mais desenvolvidas do país, deixando de fora regiões como a Amazônia. Krenak afirmou que as universidades têm um papel importante na promoção da leitura e que deveriam ser líderes nesse campo, oferecendo espaços para experimentar novas ideias e formar leitores críticos.

Por fim, Krenak respondeu a uma pergunta sobre a utilidade de seu livro “A vida não é útil”, que tem sido utilizado por muitos jovens apenas para decorar frases para o Enem. Ele ressaltou que, mesmo que esses jovens estejam apenas decorando as palavras, pelo menos alguns deles poderão ser contagiados pelo pensamento crítico e começarão a refletir sobre o mundo. Para Krenak, é importante despertar novas capacidades de pensar e não ceder à tendência de dar utilidade à vida.

Com sua eleição para a ABL, Aílton Krenak se torna uma voz importante dentro do mundo literário e vai contribuir para ampliar a representação indígena e a valorização da cultura indígena na academia e na sociedade como um todo.

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