Trump enfrenta desafios jurídicos críticos que podem comprometer suas futuras ambições políticas e sua batalha judicial contra acusações de suborno e interferência eleitoral.

Donald Trump enfrentou, nesta quinta-feira, dois casos críticos que podem desafiar sua capacidade de frustrar processos e até mesmo anular eventuais condenações contra ele. O Tribunal Distrital de Nova York rejeitou o pedido da defesa para arquivar as acusações sobre um suposto caso de suborno envolvendo o magnata e uma atriz pornô, abrindo caminho para o primeiro processo criminal contra um ex-chefe de Estado americano. De outro lado, está em curso na Geórgia uma audiência probatória sobre a tentativa de desqualificar uma promotora distrital e descartar um caso sobre a tentativa de Trump e seus aliados de subverter a vitória do presidente Joe Biden nas eleições de 2020 no estado.

Trump compareceu ao tribunal de Nova York para uma audiência processual antes de seu julgamento sobre um suposto pagamento de suborno à estrela de filmes adultos Stormy Daniels, antes da eleição de 2016. Apesar da objeção de Trump, o juiz Juan Merchan determinou que o calendário previamente definido, com a data de julgamento para 25 de março, deve ser mantido. Será a primeira vez que o destino de um ex-presidente e possível candidato à Presidência será submetido a um júri em um caso criminal.

Um dos advogados do ex-presidente, Todd Blanche, chamou o cronograma de “incabível”. Mas o juiz Merchan rejeitou sumariamente os argumentos dos advogados de Trump, que haviam ridicularizado o caso como “um pacote desordenado de acusações politicamente motivadas”. O juiz também se irritou com a reação de Blanche, em um determinado momento instruindo-o a “parar de me interromper, por favor”.

Na Geórgia, uma audiência também foi iniciada para investigar um relacionamento romântico entre os dois principais promotores que investigam a interferência eleitoral de Trump e seus aliados no estado em 2020. A defesa alega que o relacionamento entre a promotora do condado de Fulton, Fani Willis, e Nathan Wade, que ela contratou para conduzir o caso, criou um conflito de interesses financeiros insustentável.

Segundo os advogados de réus que tentam desqualificar os dois promotores do caso, Wade recebeu mais de US$ 650 mil desde que foi contratado em 2021 e, durante esse período, gastou dinheiro em férias com Willis. A defesa argumenta que o dinheiro pago a Wade cria um incentivo para que Willis prolongue o caso contra Trump.

O juiz Scott McAfee já disse que Willis poderia ser desqualificada se ela se beneficiasse financeiramente do relacionamento amoroso. Willis, por sua vez, afirma que o relacionamento começou somente depois que Wade foi contratado e era irrelevante para o caso ou para a sua capacidade de conduzi-lo.

Embora as circunstâncias do relacionamento não alterem nenhum dos fatos subjacentes da acusação, uma desqualificação colocaria o caso no limbo. A maioria dos processos judiciais contra Trump tem como objetivo impedir que cheguem a julgamento e adiar a responsabilização — pelo menos até a próxima eleição. Trump tem um interesse especial em interromper os casos de suborno de Nova York e de interferência eleitoral da Geórgia porque, mesmo como presidente com um procurador-geral simpático, ele teria dificuldade em interferir em processos em andamento, anular condenações ou até mesmo perdoar a si mesmo, já que esse poder Executivo não abrange crimes estaduais.

Até agora, as frentes jurídicas enfrentadas pelo ex-presidente – que possui 91 acusações criminais – não minaram a sua popularidade, e as pesquisas o apontam como favorito em um possível duelo contra o atual presidente Joe Biden, em novembro. O bilionário tem 34 acusações relacionadas ao pagamento de US$ 130 mil em 2016 à estrela de cinema adulto Stormy Daniels, cujo nome verdadeiro é Stephanie Clifford, para mantê-la calada sobre um suposto caso extraconjugal. Os pagamentos em si não são ilegais, mas Trump os registrou como “honorários jurídicos” nas contas da sua empresa, a Trump Organization.

Da mesma forma, segundo documentos judiciais, o magnata comprou o silêncio de terceiros pelo menos mais duas vezes. Ele pagou US$ 30 mil a um porteiro da Trump Tower que alegou ter informações sobre o filho do magnata de um relacionamento extraconjugal, e outros US$ 150 mil a uma mulher que alegou ter um caso com o ex-presidente.

Trump se declarou inocente das acusações contra ele em 2021 e diz ser vítima de uma “caça às bruxas” para impedi-lo de retornar à Casa Branca. O bilionário não poupou críticas ao juiz Merchan, que já abriu outro processo em 2022 contra a empresa familiar por fraude fiscal.

Enquanto isso, o ex-presidente dos Estados Unidos aguarda os desenlaces dos casos em Nova York e na Geórgia, enquanto sua popularidade e chances de voltar à Presidência permanecem em alta.

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