Trump compareceu ao tribunal de Nova York para uma audiência processual antes de seu julgamento sobre um suposto pagamento de suborno à estrela de filmes adultos Stormy Daniels, antes da eleição de 2016. Apesar da objeção de Trump, o juiz Juan Merchan determinou que o calendário previamente definido, com a data de julgamento para 25 de março, deve ser mantido. Será a primeira vez que o destino de um ex-presidente e possível candidato à Presidência será submetido a um júri em um caso criminal.
Um dos advogados do ex-presidente, Todd Blanche, chamou o cronograma de “incabível”. Mas o juiz Merchan rejeitou sumariamente os argumentos dos advogados de Trump, que haviam ridicularizado o caso como “um pacote desordenado de acusações politicamente motivadas”. O juiz também se irritou com a reação de Blanche, em um determinado momento instruindo-o a “parar de me interromper, por favor”.
Na Geórgia, uma audiência também foi iniciada para investigar um relacionamento romântico entre os dois principais promotores que investigam a interferência eleitoral de Trump e seus aliados no estado em 2020. A defesa alega que o relacionamento entre a promotora do condado de Fulton, Fani Willis, e Nathan Wade, que ela contratou para conduzir o caso, criou um conflito de interesses financeiros insustentável.
Segundo os advogados de réus que tentam desqualificar os dois promotores do caso, Wade recebeu mais de US$ 650 mil desde que foi contratado em 2021 e, durante esse período, gastou dinheiro em férias com Willis. A defesa argumenta que o dinheiro pago a Wade cria um incentivo para que Willis prolongue o caso contra Trump.
O juiz Scott McAfee já disse que Willis poderia ser desqualificada se ela se beneficiasse financeiramente do relacionamento amoroso. Willis, por sua vez, afirma que o relacionamento começou somente depois que Wade foi contratado e era irrelevante para o caso ou para a sua capacidade de conduzi-lo.
Embora as circunstâncias do relacionamento não alterem nenhum dos fatos subjacentes da acusação, uma desqualificação colocaria o caso no limbo. A maioria dos processos judiciais contra Trump tem como objetivo impedir que cheguem a julgamento e adiar a responsabilização — pelo menos até a próxima eleição. Trump tem um interesse especial em interromper os casos de suborno de Nova York e de interferência eleitoral da Geórgia porque, mesmo como presidente com um procurador-geral simpático, ele teria dificuldade em interferir em processos em andamento, anular condenações ou até mesmo perdoar a si mesmo, já que esse poder Executivo não abrange crimes estaduais.
Até agora, as frentes jurídicas enfrentadas pelo ex-presidente – que possui 91 acusações criminais – não minaram a sua popularidade, e as pesquisas o apontam como favorito em um possível duelo contra o atual presidente Joe Biden, em novembro. O bilionário tem 34 acusações relacionadas ao pagamento de US$ 130 mil em 2016 à estrela de cinema adulto Stormy Daniels, cujo nome verdadeiro é Stephanie Clifford, para mantê-la calada sobre um suposto caso extraconjugal. Os pagamentos em si não são ilegais, mas Trump os registrou como “honorários jurídicos” nas contas da sua empresa, a Trump Organization.
Da mesma forma, segundo documentos judiciais, o magnata comprou o silêncio de terceiros pelo menos mais duas vezes. Ele pagou US$ 30 mil a um porteiro da Trump Tower que alegou ter informações sobre o filho do magnata de um relacionamento extraconjugal, e outros US$ 150 mil a uma mulher que alegou ter um caso com o ex-presidente.
Trump se declarou inocente das acusações contra ele em 2021 e diz ser vítima de uma “caça às bruxas” para impedi-lo de retornar à Casa Branca. O bilionário não poupou críticas ao juiz Merchan, que já abriu outro processo em 2022 contra a empresa familiar por fraude fiscal.
Enquanto isso, o ex-presidente dos Estados Unidos aguarda os desenlaces dos casos em Nova York e na Geórgia, enquanto sua popularidade e chances de voltar à Presidência permanecem em alta.