Tribunais da Rússia começam a aplicar penas de prisão em atos de homenagem a Alexei Navalny, com mais de 380 detenções.

Os tribunais russos iniciaram a aplicação das primeiras penas de prisão para as pessoas detidas durante os atos e homenagens ao líder opositor Alexei Navalny, que faleceu na última sexta-feira em uma prisão localizada no Ártico. O número de prisões já ultrapassou a marca de 380, de acordo com informações obtidas por jornais locais.

De acordo com documentos oficiais, o maior número de condenações aconteceu em São Petersburgo, totalizando 154 sentenças. Em grande parte dos casos, as penas estabelecidas chegaram a no máximo duas semanas de prisão, devido à violação das leis que regem protestos na Federação Russa. As pessoas detidas estavam reunidas ao redor de memoriais espontâneos, depositando flores e fotos de Navalny nas calçadas, prática comum após a morte de figuras políticas russas.

Em um dos casos relatados pelo site Live 24 Blog, um homem foi detido e condenado a 14 anos de prisão por carregar um cartaz com o nome de Navalny em Krasnodar, localizado no Sul da Rússia. Em Samara, na região dos Montes Urais, um homem foi preso ao depositar flores perto de um parque e acusado do crime de vandalismo. Além disso, o partido de orientação social democrata, Yabloko, suspendeu uma homenagem na sede local da sigla, após a chegada da polícia em Ecaterimburgo.

Desde o anúncio da morte de Alexei Navalny, na sexta-feira, 387 pessoas foram detidas em atos em toda a Rússia, divulgou o site OVD-Info, especializado na monitorização da repressão política no país. Segundo as leis russas, manifestações de qualquer tipo e tamanho necessitam de uma autorização oficial, algo praticamente impossível para a oposição. Com o início da guerra na Ucrânia, as regras foram reforçadas, resultando na prisão de quase 20 mil pessoas, algumas condenadas a penas longas, de mais de 10 anos de prisão.

Enquanto isso, o chefe da ONU se manifestou sobre o ocorrido, expressando choque com a morte de Navalny e pedindo uma investigação completa, crível e transparente do caso. Além disso, um historiador afirmou que Putin tem “responsabilidade direta ou indireta” pela morte do líder opositor.

Dentro do governo, parece existir um silêncio em relação à morte de Navalny. Poucas declarações oficiais foram feitas, principalmente pelo secretário de Imprensa, Dmitry Peskov. A imprensa oficial, que chegou a dar destaque para o anúncio da morte, reduziu o tempo dedicado ao assunto, e o partido Rússia Unida, sigla governista, sugeriu a seus partidários que evitem tocar no tema em público, visto que o país se prepara para uma eleição presidencial no próximo mês, na qual Vladimir Putin surge como franco favorito para mais um mandato de seis anos. O atual presidente está no poder desde 2000, revezando entre os cargos de presidente e primeiro-ministro.

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