Além da pressão por resultados, os bancários também enfrentam o medo de assaltos e discriminação no ambiente de trabalho. Em 2012, cerca de 12% dos bancários não suportavam mais a rotina e pediam licença por doenças mentais. Nos últimos 5 anos, o número de afastamentos nos bancos aumentou 26,2%, em comparação com uma variação geral de 15,4% em outros setores. Ou seja, a variação entre os bancários foi 1,7 vezes maior do que a média dos demais setores.
A senadora ressaltou a importância de dar visibilidade a esse problema e combater a violência contra as mulheres no setor bancário. Ela explicou que as mulheres enfrentam um desafio ainda maior em relação à saúde mental, devido ao histórico de assédio moral e sexual no ambiente de trabalho.
Os representantes dos trabalhadores também apontaram o apagão de dados sobre a saúde dos bancários e a subnotificação de doenças relacionadas à atividade no setor. A procuradora do trabalho, Cirlene Luiza Zimmermann, destacou que os bancos estão no topo da lista de subnotificação de casos de lesões musculares e problemas psicológicos dos funcionários. Ela ressaltou que nenhuma ação tem sido implementada para resolver essa questão e pediu aos senadores que pressionem o governo a criar um sistema de monitoramento para o setor bancário.
A diretora de políticas sociais da Fenae, Rachel de Araújo Weber, mencionou que 83% dos afastamentos médicos dos bancários têm origem emocional, como depressão, ansiedade e esgotamento físico, mental e emocional. Ela ressaltou a importância de cuidar da saúde mental e combater o negacionismo em relação a essa questão.
A audiência também destacou a falta de notificação dos casos de doenças mentais pelos bancos. O diretor da Fenaban, Adauto Duarte, questionou a relação entre a função e os problemas mentais dos bancários e afirmou que é necessário um “diagnóstico correto” das doenças que levam ao afastamento. No entanto, ele propôs a criação de um grupo de trabalho para discutir os problemas da categoria e negociar soluções para os problemas abordados na audiência.
Em resposta a essa proposta, o bancário João Dourado criticou a falta de consideração ao modelo de gestão de metas abusivas das instituições financeiras. A senadora Augusta Brito propôs também estudar como a pauta de gênero é tratada no ambiente bancário.
A audiência contou com a participação de representantes do Ministério do Trabalho, da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) e de sindicalistas regionais. A discussão destacou a necessidade de políticas de saúde para proteger os bancários e a importância de combater a violência e as más condições de trabalho enfrentadas por esses profissionais.