SENADO FEDERAL – Debate na Comissão de Educação discute a permanência das mulheres no ambiente acadêmico e reivindica mais espaço e medidas de garantia.

A permanência das mulheres no ambiente acadêmico foi discutida em uma audiência pública realizada pela Comissão de Educação e Cultura (CE) na tarde desta segunda-feira (16). As debatedoras foram unânimes em cobrar mais espaço e medidas para garantir a permanência das mulheres nas universidades e institutos de pesquisa.

O requerimento para a audiência foi apresentado pelo senador Alessandro Vieira (MDB-SE) e pela senadora Leila Barros (PDT-DF), e o presidente da comissão, senador Flávio Arns (PSB-PR), também apresentou um requerimento na mesma direção. Segundo Vieira, a ocupação de espaços pelas mulheres na área acadêmica é extremamente difícil, não sendo uma exceção apenas no Senado, mas sim um reflexo claro do desequilíbrio de representação de gênero. Ele ressaltou a importância das audiências públicas como forma de enfrentar essa dificuldade.

Durante o debate, o senador Paulo Paim (PT-RS), presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH), criticou a cultura do preconceito contra as mulheres e defendeu a política de cotas como uma forma de auxiliar a democratização do acesso às universidades. Ele é relator do projeto que trata desse assunto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e expressou sua convicção de que a proposta será aprovada.

As debatedoras destacaram diversas questões que prejudicam a permanência das mulheres no ambiente acadêmico. Maria do Socorro Silva, diretora de Políticas de Educação do Campo e Educação Escolar Indígena da Secretaria de Educação, ressaltou que, embora existam políticas públicas implementadas, ainda persistem medidas de cultura sexista que impactam negativamente as mulheres na academia. Débora Peres Menezes, diretora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), chamou a atenção para o desequilíbrio de gênero, principalmente nas ciências exatas, lembrando que no passado havia até uma lei que restringia o acesso das meninas à matemática.

Para enfrentar esse problema, Marcia Rangel Candido, coordenadora do Grupo de Estudos Multidisciplinar da Ação Afirmativa (Gemaa), defendeu o direcionamento de políticas públicas específicas, levando em consideração questões de gênero e raça. Ela sugeriu a transversalização da perspectiva de gênero e raça na contratação e retenção de cientistas nas universidades, a criação de editais especiais para grupos sub-representados na ciência e a garantia de indicação de mulheres e homens negros para cargos de liderança na comunidade científica.

A professora Luciana da Conceição Santana, da Universidade Federal de Alagoas e representante da Rede Brasileira de Mulheres Cientistas (RBMC), propôs a criação de um grupo de trabalho interministerial, com a participação da sociedade, para combater a desigualdade de gênero nas universidades e pensar em medidas para a permanência das mulheres no ambiente acadêmico. Segundo ela, o campo universitário reflete os preconceitos presentes na sociedade, como os de gênero e raça.

Durante a audiência, diversas outras participantes também expuseram suas demandas e pediram o apoio do Senado para melhorar a situação das mulheres no ambiente acadêmico. Ana Priscila Alves, vice-presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), solicitou a criação de creches dentro das universidades. Braulina Baniwa, diretora-executiva da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), lamentou o preconceito contra as mulheres indígenas nas universidades. Fernanda da Fonseca Sobral, secretária da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), defendeu a diversidade na academia como exercício da democracia.

O debate, que contou com a presença de diversas especialistas e ativistas, reforçou a urgência de medidas para garantir a permanência das mulheres no ambiente acadêmico e promover a igualdade de gênero nesse espaço. As sugestões apresentadas vão desde a criação de políticas públicas específicas até a transversalização da perspectiva de gênero e raça nas universidades. A audiência foi mais um passo importante para impulsionar essa luta e promover mudanças significativas no ambiente acadêmico.

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