Isso é o que nos conta um artigo assinado pelas pesquisadoras da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), que foi publicado recentemente no International Journal for Equity in Health. O estudo revela que as variações na mortalidade de pacientes hospitalizados pela doença estiveram associadas não só à idade e gravidade do caso, mas também às desigualdades sociais, regionais e no acesso a cuidados de boa qualidade.
De acordo com os dados utilizados na pesquisa, mais de 70% das internações por covid-19 no Brasil foram cobertas pelo SUS. Embora o sistema tenha atendido os grupos populacionais mais vulneráveis, registrou uma taxa de mortalidade hospitalar ajustada mais alta em comparação com hospitais privados e filantrópicos. Além disso, a região Sul do Brasil apresentou um desempenho mais positivo, contrastando com a região Norte, que teve o pior desempenho.
As pesquisadoras apontam que a pandemia provocou níveis mais elevados de mortalidade entre pessoas negras e indígenas. Além disso, a mortalidade hospitalar foi mais alta durante o pico da pandemia, porém foi significativamente reduzida após a vacinação contra a covid-19 atingir uma cobertura razoável.
O estudo também ressalta a importância fundamental do SUS na prestação de cuidados de saúde, acompanhada de fragilidades no desempenho das unidades hospitalares do SUS em comparação com o setor privado. As conclusões apontam para a necessidade de melhorias no sistema de saúde brasileiro, incluindo investimentos em infraestrutura, aumento no número de profissionais de saúde, treinamento e suporte para esses trabalhadores, salários e condições de trabalho.
Apesar dos desafios, o SUS apresenta diversos pontos fortes que o tornam essencial, único e valioso para os brasileiros, o que alerta para a necessidade de investimento e melhoria do sistema, com foco nas causas das desigualdades na oferta, no acesso e nos resultados do cuidado.
Em resumo, o estudo destaca a necessidade de esforços contínuos para melhorar a qualidade e a equidade dos cuidados de saúde para todos, fornecendo elementos para o debate sobre o papel e a atuação de cada tipo de prestador de cuidado hospitalar no sistema de saúde brasileiro.
