Realização do Carnaval em 2022 pode agravar a pandemia no Brasil, alertam gestores

Marina Ramos/Câmara dos Deputados
Audiência Pública - Viabilidade da realização do Carnaval de 2022. Fernando Avedanho - Assessor Técnico do Conselho Nacional de Secretários de Saúde - CONASS
Fernando Avedanho: Carnaval inviabiliza cumprimento de medidas sanitárias contra a Covid

Representantes dos setores de Saúde e do Turismo alertaram para o risco de agravamento da pandemia de Covid-19 no Brasil caso sejam realizados os festejos de Carnaval em 2022. O tema foi debatido nesta quarta-feira (8) em audiência pública da Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados.

O assessor técnico do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Fernando Avedanho, afirmou que o princípio da precaução deve ser adotado, principalmente pela natureza dessa comemoração, que dificulta o cumprimento de medidas sanitárias de distanciamento social e uso de máscara. “A gente sabe que o Carnaval é uma festa de congregação, de aproximação entre as pessoas”, lembrou.

A presidente da Associação Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape), Doreni Caramori, disse que a retomada das festas de casamento e formaturas, por exemplo, com rígido protocolo de controle sanitário, foi importante para a economia e não impactou negativamente na pandemia. Na opinião dela, no entanto, não há condições de se realizar eventos para milhões de pessoas sem onerar a saúde pública.

“Com todas as curvas positivas que temos acompanhado (contágios, casos graves, internações, mortes e o aumento da vacinação), seria o momento de retroagir em um processo que está claro em andamento? Ou seria o caso de se ter precaução com aquilo que não obedece aos protocolos?”, indagou.

Para a secretária extraordinária de enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, Rosana de Melo, o Carnaval de 2022 não deve acontecer. Segundo ela, qualquer decisão contrária é precipitada, uma vez que, mesmo com as vacinas, o vírus continua sendo transmitido, e as aglomerações características dos festejos não são recomendadas no cenário atual.

Passaporte sanitário
O presidente do Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo (Fornatur), Bruno Wendling, declarou que, antes de qualquer discussão sobre a realização de eventos de grande porte, é preciso implementar o passaporte sanitário para que o turismo não seja a porta de entrada de novas variantes do coronavírus.

“Estamos sendo chamados mundo afora de ‘vaccine free’, ou seja, um país que não cobra vacina dos seus turistas. Além do risco para a nossa população, não vamos passar segurança para os turistas estrangeiros a partir do momento que não cobrarmos o ciclo vacinal completo deles próprios”, argumentou. “Quero reforçar a importância de se voltar a debater a obrigatoriedade do passaporte da vacina para o turismo internacional. Se a gente controla bem a entrada de estrangeiros, é o Réveillon que não sofre, aí a gente pode pensar em discutir o Carnaval.”

A diretora-adjunta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Daniela Cerqueira, ressaltou que, em um cenário epidemiológico incerto como o atual, é preciso aumentar a cobertura vacinal e continuar a adoção das medidas de distanciamento social e uso de máscaras.

Mesmo com a orientação da agência reguladora para que o Brasil passe a exigir comprovante de vacinação contra a Covid-19 para a entrada de viajantes vindos do exterior, o governo federal anunciou ontem que não adotará a medida e solicitará aos turistas não vacinados apenas uma quarentena de cinco dias após a chegada ao País.

Isonomia
Idealizador do debate de hoje, o deputado Bacelar (Pode-BA) lembrou que o feriado do Carnaval movimenta o turismo inclusive nas localidades onde não há festejos. Ele destacou que é preciso prudência e cuidado com a realização de eventos, com a adoção de medidas sanitárias corretas.

“No período carnavalesco, todo o segmento turístico fica aquecido (rede hoteleira, restaurantes etc). A isonomia tem de ser levada em conta, porque um evento de rua foge aos parâmetros de um evento fechado”, sustentou.

Bacelar informou que, na próxima semana, vai participar da reunião do Conselho Nacional de Turismo e levará as considerações dos representantes do setor para apreciação do colegiado.

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