As inundações causadas pela tempestade Daniel resultaram em mais de 3,8 mil mortes na Líbia, de acordo com o número de corpos enterrados e registrados pelo Ministério da Saúde. No entanto, esse número não inclui os corpos que foram enterrados pelos próprios habitantes imediatamente após a catástrofe. Acredita-se que existam mais de 10 mil pessoas desaparecidas, de acordo com autoridades e organizações humanitárias internacionais.
A Líbia tem enfrentado divisões desde a queda de Muammar Gaddafi em 2011, e atualmente é governada por duas administrações rivais, uma em Trípoli, reconhecida pela ONU e liderada por Abdelhamid Dbeibah, e outra no leste do país, ligada ao parlamento e liderada pelo marechal Khalifa Haftar.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) informou que mais de 43 mil pessoas foram deslocadas pelas inundações no nordeste da Líbia. O rompimento das barragens resultou na destruição de bairros inteiros, e os desabrigados estão enfrentando escassez de abastecimento de água. As autoridades líbias alertaram a população para não consumir água das tubulações devido à contaminação causada pelas inundações.
A Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia (UNSMIL) está trabalhando para prevenir a propagação de doenças e evitar uma segunda crise na região. Além disso, a empresa nacional de telecomunicações restabeleceu as redes de telefonia e internet em Derna depois de um apagão durante a semana e protestos contra as autoridades locais.
Além do impacto humanitário, as inundações também apresentam um risco para o patrimônio histórico da Líbia. As ruínas da antiga cidade grega de Cirene, consideradas Patrimônio Histórico da Unesco, estão em perigo devido às inundações causadas pela tempestade Daniel. O local, construído há 2.600 anos, é a maior colônia grega e tem sido afetado pelas inundações. Parte da área segue alagada e algumas estruturas já desabaram, de acordo com especialistas.
Em meio a essa crise, a Líbia continua enfrentando desafios políticos e humanitários. A investigação sobre o rompimento das barragens e as prisões provisórias das autoridades responsáveis são passos importantes para responsabilizar os envolvidos e garantir a segurança e bem-estar da população. A reconstrução das áreas afetadas e a proteção do patrimônio histórico também devem ser prioridades para o futuro do país.