O que está acontecendo no Ceará? Entenda a onda de ataques no estado

Há seis dias, desde a última quarta-feira (2), o Ceará enfrenta uma onda de ataques organizada por facções criminosas. Para conter a violência, a Força Nacional foi enviada para fazer a segurança do estado.

O governo cearense anunciou que até esta segunda-feira (7), 148 suspeitos foram presos e 20 detentos envolvidos com facções criminosas foram transferidos para penitenciárias federais.

Entenda o que está acontecendo no Ceará:

Por que os ataques começaram?

A explicação predominante é a de que a violência começou em represália a uma fala do secretário de Administração Penitenciária (SAP), Mauro Albuquerque, sobre maior rigor na fiscalização dos presídios.

O governador do estado é Camilo Santana, do PT, reeleito no ano passado, e Albuquerque assumiu o cargo no mesmo dia em que os ataques começaram.

Durante a cerimônia de posse, Albuquerque disse que nem ele, nem o estado “reconhecem facção”.  Para o secretário, a divisão de presos por unidades não deve obedecer à lógica que o governo adota, que é a de distribuir os internos segundo seus vínculos com organizações criminosas.

Albuquerque ficou conhecido por coordenar a retomada do presídio de Alcaçuz no Rio Grande do Norte em 2016 após a morte de 26 presos em um ataque do PCC a uma facção local.

“Só a indicação dele já causou essa reação dos criminosos. O Governo do Estado do Ceará já conhecia o trabalho do secretário no Rio Grande do Norte. Obviamente também a criminalidade já conhecia já que é um estado vizinho e próximo”, disse o secretário da Segurança Pública do Ceará, André Costa, em entrevista nesta segunda-feira.

Nas ruas da cidade, segundo relatos, há pichações em prédios públicos de Fortaleza, com os dizeres: “não vão parar até o secretário sair” e “fora Mauro Albuquerque”.

As investigações apontam que as ordens dos ataques partiram das facções Comando Vermelho e da Guardiões do Estado, informa o MSN.

Quantos ataques foram registrados?

De quarta passada até esta segunda-feira, foram contabilizados 127 ataques. Os alvos principais são agências bancárias, prefeituras e ônibus.

Segundo o site G1, já são 37 cidades com registros de ações criminosas: Fortaleza, Tianguá, Pacatuba, Horizonte, Maracanaú, Caucaia, Pindoretama, Eusébio, Morada Nova, Marco, Jaguaruana, Canindé, Piquet Carneiro, Morrinhos, Aracoiaba, Limoeiro do Norte, São Gonçalo do Amarante, Baturité, Juazeiro do Norte, Guaiúba, Acaraú, Massapê, Pacajus, Ibaretama, Icapuí, Pacoti, Sobral, Jijoca de Jericoacoara, Quixadá, Tabuleiro do Norte, Varjota, Barroquinha, Icó, Chorozinho, Reriutaba, Crateús e Iguatu.

A onda de violência começou em Fortaleza, mas com o reforço da Força Nacional, os criminosos começaram a migrar para o interior. Nessa madrugada, eles atacaram a Câmara dos Vereadores da cidade de Icó, a 375 quilômetros da capital.

Há vítimas?

De acordo com a Secretaria da Segurança e Defesa Social do estado, dois suspeitos foram mortos durante uma troca de tiros com a polícia, na madrugada de domingo (6). Os suspeitos tentavam incendiar um posto do Detran em Fortaleza.

Outras quatro pessoas ficaram levemente feridas em ataques incendiários. Um casal de idosos e um motorista sofreram queimaduras em um ataque em Fortaleza, e um motorista ficou ferido em Sobral.

Quantas pessoas foram presas?

O governo contabiliza que 148 pessoas foram capturadas por suspeita de envolvimento nas ações criminosas. Desse número, 38 foram presos entre a noite de domingo (6) e a manhã desta segunda (7).

“Os trabalhos das Polícias Civil e Militar seguem em andamento visando a capturar outros envolvidos nos delitos registrados nos últimos dias”, informou a Secretaria da Segurança e Defesa Social, em nota.

Nesta segunda, o governo federal disponibilizou 60 vagas em presídios federais de segurança máxima para detentos que estão no em penitenciárias do Ceará.

Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária, um preso já foi transferido e outros 19 estão sendo embarcados nas próximas horas, totalizando 20 transferências de forma imediata.

Como está atuando a Força Nacional?

Na quinta-feira, um pedido do governo estadual para o envio da Força Nacional federal foi negado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.

Ele disse que o reforço se justificaria se houvesse distúrbio das ordem; após uma madrugada tensa, Moro autorizou o envio no dia seguinte.

No sábado, 300 agentes de segurança chegaram no estado para controlar a situação. Eles ficarão por no mínimo 30 dias, e trabalharão na capital e na região metropolitana, que concentram 80% dos ataques.

Segundo o ministério da Justiça e Segurança Pública, nas primeiras 24 horas de atuação da Força Nacional no Ceará, o número de ataques caiu, em Fortaleza e na região Metropolitana.

Qual foi a reação do governo do estado?

No mesmo dia em que solicitou o envio dos soldados, o governador empossou 373 novos policiais militares, que vão reforçar o patrulhamento nas ruas e 34 policiais rodoviários federais, nas BRs.

Um acordo também permitiu que o governo da Bahia enviasse 100 homens da polícia militar para ajudar na atuação de segurança. Além disso, Santana ordenou uma vistoria em presídio, que acabou com apreensão de 407 celulares.

“Por minha determinação, todas as forças de segurança do Ceará [Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, agentes penitenciários e Pefoce] estão em regime permanente de plantão para coibir essas ações, prender os bandidos e proteger a nossa população”, afirmou o governador.

Apenas do Ceará, serão 29 mil profissionais destinados ao trabalho. O foco é o combate ao combate ao crime organizado, fora e dentro de unidades prisionais.

Como a população está sendo prejudicada?

Nesta segunda-feira (7), o sistema de transporte público de Fortaleza e da região metropolitana opera abaixo do normal, segundo informou o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus).

Ao todo, 1.300 ônibus saíram das garagens desde o início da manhã. A frota normal para um dia de semana, no entanto, é de 1.810 veículos.

Um viaduto na BR-020, em Caucaia, teve a estrutura comprometida após uma das colunas ser danificada por uma bomba. Além disso, lojas da Enel, distribuidora de energia no Ceará, foram fechadas na sexta-feira (4).

08/01/2019

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