O advogado de Bolsonaro afirma que Cid teve autonomia em seus atos e nega que tenha recebido dinheiro pela venda de relógio.

O advogado Paulo Amador da Cunha Bueno, representante jurídico do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso das joias, contradisse as alegações de que Bolsonaro teria recebido dinheiro proveniente da venda de um relógio Rolex. De acordo com a defesa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-auxiliar de ordens no Planalto, o valor obtido com a transação teria sido entregue ao então chefe do Executivo ou à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. No entanto, Bueno afirmou em entrevista à GloboNews que Cid possuía “muita autonomia” para tomar decisões.

Segundo o advogado, Cid tinha uma grande quantidade de responsabilidades e decisões a serem tomadas sem a interferência direta do presidente da República. Bueno adicionou que Bolsonaro nunca recebeu qualquer valor em espécie proveniente da venda de qualquer objeto por parte de Cid.

Porém, o advogado Cezar Bittencourt, que representa Cid, relatou anteriormente em uma entrevista ao mesmo canal que o dinheiro teria sido entregue ao casal presidencial. Bittencourt reforçou que, embora o ex-presidente fosse o dono do relógio, não significa que Cid teria entregue o dinheiro diretamente a ele, podendo ter sido entregue à primeira-dama.

Em relação à venda de itens recebidos durante viagens oficiais do ex-presidente, Bueno defendeu que não se trata de um crime. O advogado argumentou que, de acordo com dispositivos legais, caso o relógio ou qualquer outra joia tenha sido comercializada, a infração seria apenas administrativa, por não ter sido oferecida primeiramente à União.

Bueno também afirmou que, mesmo no caso do Rolex ter sido negociado por assessores do ex-presidente em uma loja no exterior, ele não poderia ser acusado do crime de peculato, conforme previsto no Código Penal. Segundo o advogado, nessas situações, os itens são propriedade do presidente da República e podem até mesmo ser repassados como herança.

De acordo com as investigações da Polícia Federal, a equipe do ex-presidente vendeu dois relógios para uma loja na Pensilvânia em junho de 2022. Um dos relógios era um Rolex que fazia parte de um conjunto de joias dado pela Arábia Saudita em 2019. O outro era da marca suíça Patek Philippe, presenteado por autoridades do Bahrein em novembro de 2021, durante a visita de Bolsonaro ao país. Com a venda dos dois relógios, Cid teria recebido US$ 68 mil, que foram depositados na conta de seu pai, Mauro Lourena Cid, general reformado.

O Rolex foi recomprado nos Estados Unidos pelo advogado Frederick Wassef em março deste ano, para ser devolvido de acordo com a determinação do Tribunal de Contas da União. A existência desse relógio era conhecida, pois havia sido registrado no acervo privado do ex-presidente. No entanto, o paradeiro do Patek Philippe é desconhecido. Segundo a Polícia Federal, o relógio não estava registrado no acervo presidencial e sua existência era desconhecida, o que dispensaria a exigência de devolução pelo TCU.

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