Município de Muçum, no RS, enfrenta maior tragédia climática da história, com 14 mortes e 80% do território alagado.

A pequena cidade de Muçum, localizada no interior do Rio Grande do Sul, está vivenciando uma devastação sem precedentes após a passagem de um ciclone que causou uma tragédia climática na região. Com quase 5 mil habitantes, o município se tornou o epicentro da catástrofe, registrando o maior número de mortes no estado – 14 das 39 confirmadas até o momento.

Os relatos dos moradores que sobreviveram são angustiantes. Muitos afirmam ter escapado por pouco, se refugiando no telhado de suas casas ou sendo resgatados por seus vizinhos. André Zeni, representante da cidade, conta que estava na residência de seus sogros, ambos idosos, quando a água começou a subir de forma alarmante. A rápida ação dos vizinhos foi crucial para salvar a vida dos idosos, que foram carregados nos braços e levados para um local seguro.

O cenário em Muçum é desolador. Cerca de 80% do território da cidade foi inundado, deixando as ruas parecendo terem sido atingidas por um terremoto. Roca Sales, município vizinho onde nove pessoas também perderam a vida, sofreu o mesmo destino. Zeni, juntamente com outros oito voluntários, está trabalhando incansavelmente na limpeza dos imóveis para que os idosos possam retornar nos próximos dias.

A cidade está com o acesso restrito apenas a moradores, autoridades e imprensa, além de voluntários que auxiliam nas tarefas de limpeza. As doações são deixadas na entrada do município, e a demanda maior não é por alimentos ou água, mas sim por materiais de limpeza e higiene pessoal.

Emanuele Lorenzini, uma jovem professora de 21 anos, compartilha os momentos de desespero vividos durante o temporal. Ela e sua família tiveram que subir para o segundo andar da residência enquanto a água continuava a subir. O resgate demorou três longas horas para chegar, e Emanuele ajudou os bombeiros a subirem no telhado. Ela teve que ajudar a puxar sua mãe e irmã, pois a força da correnteza era avassaladora.

O impacto financeiro também está sendo sentido em Muçum. Erik Masetto, proprietário de uma padaria na cidade há mais de 20 anos, estima um prejuízo de aproximadamente R$ 300 mil. A enchente devastou o estabelecimento, destruindo equipamentos, estoques e tudo mais que encontrou pelo caminho. Além disso, a mãe de Masetto também teve a casa invadida pela enxurrada, agravando ainda mais a situação.

A reconstrução de Muçum será desafiadora e demorada. As marcas deixadas pela tragédia ficarão na memória dos moradores, que agora se unem para enfrentar essa difícil jornada de recuperação. A solidariedade e o apoio da população serão essenciais nesse momento de superação e reconstrução.

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