MPF faz nova denúncia e acusa José Dirceu de receber R$ 2,4 milhões em propina

Segundo o MPF, acusação foi antecipada para que possa ser levada em conta Aem o julgamento do pedido de liberdade do ex-ministro pelo STF.

O Ministério Público Federal (MPF) ofereceu, na manhã desta terça-feira (2), uma nova denúncia contra o ex-ministro José Dirceu na Operação Lava Jato. Segundo o MPF , Dirceu – que está preso no Paraná desde agosto de 2015 – recebeu propina antes, durante e depois do julgamento do Mensalão.

O MPF também denunciou outras quatro pessoas: o irmão do ex-ministro, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva; o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto; o ex-executivo da Engevix Gerson de Melo Almada, e o ex-executivo da UTC Walmir Pinheiro Santana, constata o G1.

De acordo com o MPF, Dirceu recebeu mais de R$ 2,4 milhões entre 2011 e 2014 das empreiteiras Engevix e da UTC a partir de contratos com a Petrobras.

A suspeita é a de que a quantia tenha sido usada, em grande parte, para custear assessoria de imprensa e de imagem para ele no julgamento do Mensalão.

“O dinheiro foi usado para tentar limpar a imagem de José Dirceu durante o Mensalão”, disse o procurador Júlio Motta Noronha durante uma coletiva de imprensa, na manhã desta terça-feira.

Ainda conforme o MPF, os serviços incluíram a emissão de relatórios sobre a imagem de José Dirceu perante a sociedade, o gerenciamento de entrevistas, a elaboração de artigos e até a organização do livro assinado pelo ex-ministro, “Tempos de Planície”.

“É chocante que o ex-ministro-chefe da Casa Civil tenha usado dinheiro da corrupção na Petrobras para contornar os efeitos negativos da descoberta de seus crimes. É o crime sendo usado para reduzir os prejuízos do crime descoberto”, acrescentou Noronha.

Essa é a terceira denúncia da Lava Jato contra o ex-ministro no Paraná. As outras duas resultaram em condenações que somam mais de 32 anos de prisão.

Nesta terça, o Supremo Tribunal Federal (STF) coloca em julgamento um habeas corpus de José Dirceu, preso em agosto de 2015. Por conta disso, a denúncia, que “já estava sendo elaborada e amadurecida”, segundo o procurador Deltan Dallagnol, foi antecipada.

Para o procurador, “a liberdade de Dirceu representa um grande risco à sociedade”.

Habeas Corpus

Ainda nesta terça, ministros da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) devem analisar o pedido de liberdade feito pela defesa do ex-ministro José Dirceu.

A sessão tinha sido marcada para o dia 25 de abril, mas foi adiada para esta terça porque os ministros decidiram, por unanimidade, aceitar um pedido da defesa para analisar a ação com novas manifestações dos advogados e do Ministério Público sobre a prisão.

Em outubro do ano passado, o então relator da Operação Lava Jato, ministro Teori Zavascki, já havia negado o pedido de liberdade. Em fevereiro desse ano, porém, o novo relator, Edson Fachin, também negou a própria tramitação do habeas corpus na Corte, decisão que foi derrubada no dia 25.

No julgamento de terça, Fachin adiantou sua posição sobre a prisão: disse que ainda há motivos para manter o ex-ministro encarcerado em Curitiba.

Em seu voto, o relator da Lava Jato no STF, defendeu a manutenção da prisão de Dirceu, considerando a “gravidade concreta” dos crimes pelos quais já foi condenado na Lava Jato.

Em seu voto, o relator da Lava Jato no STF, defendeu a manutenção da prisão de Dirceu, considerando a “gravidade concreta” dos crimes pelos quais já foi condenado na Lava Jato.

Condenações

José Dirceu já foi condenado em dois processos no âmbito da Operação Lava Jato. Somadas, as penas chegam a 31 anos de prisão.

Na primeira decisão, de maio de 2016, o ex-ministro foi considerado culpado pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A pena foi de 20 anos e 10 meses de reclusão, em virtude de atos ilícitos no âmbito da diretoria de Serviços da Petrobras.

Em março deste ano, Dirceu foi novamente condenado. Os crimes imputados foram corrupção passiva e lavagem de dinheiro, que lhe geraram condenação a 11 anos e três meses de prisão. A ação penal se originou na 30ª fase da operação, que apurou irregularidades em contrato para o fornecimento de tubos para a Petrobras.

José Dirceu está preso no Complexo Médico-Penal, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Ele foi detido pela Lava Jato na deflagração da 17ª etapa da operação, batizada de “Pixuleco”.

Mensalão

José Dirceu já havia sido condenado no processo do mensalão a 7 anos e 11 meses por corrupção ativa. Ele foi considerado chefe de esquema de compra de votos de parlamentares para favorecer os primeiros anos do governo Lula.

O ex-ministro foi preso em novembro de 2013 e passou a cumprir o regime semiaberto, com permissão para trabalhar fora. Em novembro de 2014, após cumprir um sexto da pena, foi para o regime aberto com prisão domiciliar, antes de ser preso na Lava Jato.

02/05/2017

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