Mourão vai a Angola para salvar Igreja de Edir Macedo

A fachada era perfeita. O vice-presidente brasileiro, Hamilton Mourão aproveitou a realização da XIII Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Luanda, capital de Angola, como álibi perfeito para encobrir a verdadeira missão dada pelo presidente Jair Bolsonaro, que estava internado em hospital para tratar do excesso de dejetos em seu organismo.

Sabe-se agora que Mourão foi ao país africano com a missão dada pelo titular do governo brasileiro para tratar de um assunto estritamente privado: socorrer a Igreja Universal do Reino de Deus, comandada pelo bispo Edir Macedo, um dos maiores aliados religiosos do bolsonarismo recentemente empossado no cargo de presidente do Brasil.

Na missão dada, Mourão teria que convencer o presidente de Angola, o também general João Lourenço, a aceitar de volta as atividades da Igreja Universal no país, expulsa depois de uma série de denúncias de membros da filial africana de que havia uma sangria financeira de recursos enviados todos os meses para a matriz brasileira.

O ramo angolano da Igreja Universal denunciou o ramo brasileiro de transferir para cá ilegalmente grandes somas de dinheiro. A justiça deu-lhe razão e os pastores brasileiros foram obrigados a deixar Angola, arriscando-se a ser preso se voltarem. Em agosto do ano passado, os angolanos determinaram o fechamento de templos da igreja no país. A Universal foi acusada de atos ilegais, entre eles fraude fiscal e exportação ilícita de capitais.

O presidente Angolano fez ver ao vice-presidente brasileiro que nada poderia fazer, já que a decisão foi da justiça do país e que ele, como acontece no Brasil, não pode interferir em outro poder da República.

O poder de Edir Macedo

O bispo Edir Macedo, fundador e chefe da Igreja Universal do Reino de Deus, tem importância capital para o presidente Bolsonaro e o seu bolsonarismo. Macedo, além de ser o chefe da Igreja, também controla a rede Record de Televisão e dezenas de parlamentares, muitos no partido Republicanos.

Edir Macedo construiu o império da Igreja Universal do Reino de Deus passando por cima de desafetos e sufocando revoltas internas no Brasil e no mundo. Quem bateu de frente com a sua liderança foi obrigado a deixar a instituição, como fizeram, só para citar dois exemplos, os pastores Valdemiro Santiago e RR Soares, hoje seus principais concorrentes no segmento neopentecostal.

A África é estratégica para a Universal, atualmente a Igreja tem 1 300 filiais por lá, das quais 360 são em Angola. Claro que tudo gira em torno de dinheiro, numa briga entre pastores africanos e brasileiros, fiéis ao chefe.

Segundo o que é publicado no imprensa, Edir Macedo deu uma espécie de ultimato a Bolsonaro, exigindo ações diretas no governo angolano para garantir o retorno dos lucrativos ‘negócios’ no país africano. Por isso tanto empenho do general Mourão em convencer os angolanos a aceitar de volta as atividades da Igreja Universal e também o retorno do sinal da Rede Record Internacional, que foi bloqueado pela justiça durante o processo judicial que apurou o desvio de recursos de Angola para o Brasil, diretamente para os cofres da igreja.

Assim, a conversa de Mourão com o presidente angolano, aproveitando o álibi da reunião dos países de língua portuguesa configura-se numa clara demonstração de uso privado de ações governamentais, tudo para beneficiar importante aliado político do atual governo brasileiro.

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