MISÉRIA: O lado pobre de Dubai que poucos conhecem


Dubai é frequentemente vista como uma cidade dos sonhos, livre de problemas sociais e um exemplo de desenvolvimento e sucesso financeiro. No entanto, imagens feitas por um fotógrafo iraniano mostram exatamente o contrário. A fotos, de autoria de Farhad Berahman, foram tiradas em Sonapur, nome popular de um campo de trabalho localizado nos arredores de Dubai, longe dos edifícios de luxo e dos locais frequentados pelos turistas. Lá, ele registrou o retrato da miséria, dos baixos salários e do trabalho árduo e sufocante, tornado ainda pior por conta do calor excessivo.

Sonapur, que ironicamente se traduz livremente para “Cidade de Ouro”, em hindi, serve como lar para mais de 150 mil trabalhadores que vão para Dubai com o sonho de encontrar condições melhores de vida. Normalmente, as pessoas chegam lá depois de abandonarem suas vidas na Índia, no Paquistão, em Bangladesh ou na China.

Nesta cozinha, visivelmente suja e totalmente fora dos padrões de qualidade de outros países, vários trabalhadores se aglomeram em espaço que normalmente são construídos por eles mesmos. O mais assustador é que até mesmo as tubulações e espaços de ventilação foram construídos pelos funcionários, sem fiscalização por órgãos responsáveis.

Na imagem abaixo, um homem limpa peixes de forma totalmente anti-higiênica. Imagens como essas, obviamente, não fazem parte dos roteiros turísticos de quem visita a cidade.

De acordo com Farhad, autor das fotos, muitos funcionários possuem seus passaportes retidos nos aeroportos, e são forçados a trabalhar por períodos extremamente longos. O salário também é muito baixo, e não é condizente com todo o esforço ao qual os trabalhadores são submetidos.

O homem na foto acima é Jahangir, de 27 anos. Natural de Bangladesh, ele trabalha há quatro anos como faxineiro em Dubai. Seu salário é de cerca de 800 AED (R$ 1200) por mês. Deste valor, ele envia cerca de R$ 750 para sua família, e usa o resto para pagar sua estadia e alimentação. Apesar do salário parecer “razoável” para a realidade brasileira, até superior ao nosso salário mínimo, é necessário lembrar que o valor é muito abaixo do ideal para viver de forma digna nos Emirados Árabes Unidos. Um aluguel padrão em um “studio”, nome dado a pequenos apartamentos, vai de 1500 a 4000 AED no país. Tendo isso em mente, é possível imaginar as tristes condições em que os trabalhadores vivem por lá.

Muitas vezes, os homens que trabalham em Sonapur não possuem nem mesmo as condições mínimas para manter sua higiene.

Nos finais de semana, muitos trabalhadores decidem fazer um dinheiro extra vendendo comida para outros imigrantes nas ruas da cidade.

A diversão fica por conta de mesas de jogos improvisadas, normalmente construídas pelos próprios funcionários.

Enquanto os turistas que chegam em Dubai são instruídos a não passar mais de cinco minutos expostos à temperatura escaldante da cidade, que pode chegar a 50ºC, alguns funcionários muitas vezes passam 14 horas exposto ao clima.

“As pessoas vêm para esta terra para construir seu futuro e se beneficiar dos enormes investimentos em construção e petróleo. Existem muitos hotéis luxuosos e estruturas de renome mundial, que os trabalhadores construíram nos últimos anos. O empregador normalmente tira o passaporte assim que eles chegam em Dubai, e todos são enviados para Sonapur. Lá, trabalham 14 horas, enquanto no verão a temperatura ultrapassa os 50ºC. Por outro lado, geralmente aconselha-se que os turistas não passem mais de cinco minutos ao ar livre. De acordo com as leis do governo, os locais de trabalho deveriam fechar durante os períodos mais quentes, para não prejudicar a saúde dos trabalhadores. Mas muitas vezes o governo nem mesmo anuncia a temperatura real”, denuncia o fotógrafo.

As acomodações muitas vezes são apertadas, sujas e até mesmo infestadas com insetos e vermes. Porém, muitos trabalhadores não conseguem dinheiro suficiente para sair de lá.

Nestas feiras, distantes dos pontos visitados pelos turistas, os funcionários de Sonapur compram aquilo que podem para se alimentar.

Trabalhador chinês implora para que seu empregador pague o que lhe deve para que ele possa voltar para casa.

Barbearia improvisada: Forma de tentar ganhar um dinheiro extra.

Enquanto fotografava, Farhad chegou a ser interrogado pelas autoridades, que proíbem o registro de imagens na área ocupada pelos trabalhadores.

“Na maior parte do tempo eu dormia no meu carro e esperava até escurecer para poder fazer meu trabalho. Fingi ser um turista perdido, e o segurança queria me denunciar à polícia, porque a área dos trabalhadores é proibida para fotografias”, disse o fotógrafo iraniano, que espera que sua série de imagens faça com que as pessoas pensem duas vezes sobre o que acontece ao redor. Farhad diz que espera, também, que se as pessoas ficarem comovidas com seu trabalho, façam algo para ajudar. “Acho que tratar os humanos de forma tão cruel é contra seus direitos básicos, e ainda assim, isso acontece do nosso lado. Não posso dizer a ninguém o que pensar sobre as fotos, mas acredito que falam por si”, disse.

Com informações do DailyMail.

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