MACEIÓ – A história e a homenagem a Rás Gonguila, o rei do carnaval de Maceió, que será eternizado pela Beija-Flor no Carnaval de 2024.

Rás Gonguila: A História de um Símbolo do Carnaval Alagoano

Um menino que vivia atento aos sons e cores da cultura alagoana. Transformado em Rás Gonguila, o adulto que ecoava o Clarim pelas ruas, becos e avenidas de Maceió para avisar a chegada do Carnaval. Essa é a saga de Benedito dos Santos, o homem que foi símbolo do carnaval alagoano nas primeiras décadas do século XX.

Nascido na região, a história de Benedito, como muitas outras de figuras populares, passou por um processo de mitificação ao longo dos anos. Virou Rás em uma referência a uma origem nobre etíope, em uma possível menção à passagem de seus antepassados pela República dos Palmares. Considerado rei do carnaval, Gonguila foi fundador do bloco Cavaleiro dos Montes, que marcou história em Alagoas e terá sua trajetória cantada pela Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis do Rio de Janeiro no Carnaval de 2024.

Contudo, poucos são os registros a respeito do lendário Rás Gonguila. Sua história é contada por amigos, conhecidos e pela extensa família, que inclui sete filhos, entre os de sangue e de coração. Dona Maria de Fátima dos Santos, que conviveu de perto com o pai, descreveu um pouco do homem de um metro e noventa, que diariamente usava camisas de manga comprida, na cor branca, dobrada na altura do cotovelo. Para ela, Gonguila era um sábio conselheiro, analfabeto, mas esclarecido e sábio, que tinha uma postura íntegra, recusando vícios e não levantando a mão para seus filhos.

“A beleza que existia em tudo isso”, lembra a filha com carinho ao retratar a figura mágica que era Rás Gonguila, cujo bloco saía pelas ruas da cidade seguindo os sons do clarim. Seu capricho e zelo eram percebidos desde o cuidadoso estandarte que era bordado à mão. Sua importância ia além do Carnaval; foi procurado por políticos em busca de apoio eleitoral e cumpria um papel social, incentivando os filhos a estudar para terem uma vida melhor.

A vida amorosa de Rás Gonguila também é um ponto destacado, com relatos de relacionamentos com várias mulheres, sem uma residência fixa, um estilo de vida que desafia expectativas. Seu falecimento em 1968 não apagou sua herança. A trajetória do bloco continuou, mantendo o frevo nas ruas da capital por muitos anos e conquistando 23 títulos máximos.

De menino encantado pelas cores e sons da cultura alagoana a rei do carnaval, a figura misteriosa de Rás Gonguila representa uma parte essencial da rica história carnavalesca de Alagoas. Uma história marcada por amor, dedicação, e um legado que resiste ao tempo.

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