Lula e o dilema entre ganhar eleição e governar o Brasil

Restando pouco mais de um ano para o embate eleitoral da eleição de 2022, o Brasil ainda tem os mesmos dilemas de quando acabou a ditadura militar. Ainda não sabemos se a eleição vai realmente acontecer, dado os vários rompantes autoritários do atual presidente Jair Bolsonaro, que tem reiteradamente dito que não vai aceitar a eleição, caso ele perca o pleito. Bolsonaro e seus seguidores, muitos em policiais militares e nas forças armadas, sonham em invadir o parlamento e o Supremo com um cabo e dois soldados, dando um golpe fatal na nossa incipiente democracia.

Em meio a esse risco cada vez maior de um golpe ao estilo militar dos anos sessenta do século passado, temos um candidato de esquerda, chamado Luiz Inácio Lula da Silva, que já foi duas vezes eleito presidente e conseguiu também duas vezes eleger a sua candidata à sucessão.

Luiz Inácio tem dilemas semelhantes ao que tinha em 1989 e também em 2002 e em todas as outras vezes que ele se candidatou a presidente. Lula, nitidamente se coloca como um líder de centro-esquerda, o que muito longe de um candidato de esquerda, como pinta os seus adversários. Lula, sequer, se considera socialista. Ele é um ser político, nascido e criado no chão da fábrica, durante as heroicas greves dos metalúrgicos paulistas na década de 80 do século passado.

Ao se alçado ao favoritismo eleitoral em todas as pesquisas feitas até agora, Lula tem, novamente, seu dilema eterno. Ou seja: ele não pode ser um candidato de esquerda tradicional, nem pode ceder muito para os chamados neoliberais, pois corre o risco de ver acontecer tudo de novo. Foi o que aconteceu quando ele e o petê indicaram Michel Temer para o cargo de vice de Dilma Rousseff. Temer, nitidamente, um político de centro-direita, muito ligado ao lado podre da política, inclusive com diversas denúncias de corrupção, não poderia ser o vice, pois em algum momento, como aconteceu, iria trair seu aliado de momento, correndo para os braços da direita e do fisiologismo descarado.

Lula tem tido muita dor de cabeça para escolher um vice agora, caso seja realmente candidato a presidente. Ele não pode mais errar como errou com Dilma e Temer. Não pode mais errar, pois seu eventual novo erro seria o fim de uma era e completo golpe das chamadas forças do mal, capitaneadas pelo ultradireitoso Jair Bolsonaro e seus seguidores antidemocráticos.

Os dilemas lulistas são eternos. Certamente, seja qualquer que for a decisão do Lula quanto ao vice, irá desagradar algum setor, seja ele de esquerda, ou mesmo da direita que vê nele um negociador, capaz de manter certos pontos neoliberais como fez durante seus governos.

Enfim, Lula e a esquerda têm os mesmos dilemas existenciais de sempre: Se não ampliar na aliança, perde a eleição. Se ampliar demais, não governa devido aos  muitos entraves políticos que isso pode advir.

Estamos vendo em toda a América Latina vitórias expressivas da esquerda, sempre com o diferencial de apoio das massas, coisa que o petê não conseguiu em nenhum dos quatro governos que teve. Esse pode o grande entrave para que Lula tome uma guinada mais a esquerda como todos nós torcemos.

Lula sabe que as forças de esquerda no Brasil são frágeis. Eleitoralmente falando não passa de pouco amis de 20% no parlamento, isso há décadas. No meio do povo, as organizações sociais também estão enfraquecidas, notadamente o movimento sindical que envelheceu, se burocratizou e está longe de ser revolucionário. Os sindicalistas brasileiros ainda estão na década de 80 do século passado com suas questiúnculas economicistas, onde as bases só se mobilizam por questões específicas do seu interesse momentâneo.

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