Kabengele Munanga, em conferência na Bienal, declara que o racismo tem efeito letal em duas instâncias distintas.

No último dia da 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, o antropólogo e professor Kabengele Munanga foi convidado para realizar uma palestra sobre o racismo brasileiro. O evento lotou o auditório do Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, em Maceió, e contou com a mediação do professor aposentado da Ufal, Zezito Araújo.

Durante sua fala, Munanga afirmou que o racismo brasileiro é um crime perfeito que mata duas vezes. Ele destacou que esse crime não apenas mata as vítimas, mas também cala a consciência tanto delas quanto dos discriminadores. O antropólogo, conhecido por sua luta contra o racismo e pela promoção da educação antirracista, ressaltou a falta de conhecimento sobre o tema como um dos principais problemas atuais.

Munanga alertou que as pessoas negras podem sofrer discriminação racial sem nem mesmo perceber. Muitas vezes, as pessoas brancas discriminam sem ter consciência de que estão praticando um ato racista. E quando as vítimas reagem, são muitas vezes desacreditadas e rotuladas como complexadas ou vitimistas. O antropólogo ressaltou a importância de discutir o racismo desde a infância, tanto no ambiente familiar quanto na educação escolar.

Segundo Munanga, as leis não são suficientes para combater o racismo, pois não atingem o terreno dos preconceitos. Para ele, é necessário que haja um projeto político de mudanças e transformações profundas na sociedade. Além disso, o antropólogo destacou a importância das políticas públicas e da educação para construir um modelo de democracia que respeite a diversidade e as diferenças da população.

Durante a palestra, Munanga também falou sobre a importância das cotas raciais e das leis que determinam o ensino da História e cultura africana e afro-brasileira nas escolas. Para ele, essas medidas são importantes para combater o racismo, mas é necessário ir além do antirracismo e realmente participar das ações de combate.

No encerramento de sua fala, o antropólogo ressaltou que o racismo não é apenas um problema das pessoas negras, mas sim um problema da sociedade brasileira como um todo. Ele enfatizou que a consciência sobre o racismo está crescendo e que é a partir dessa conscientização que nascerá a verdadeira luta contra o racismo, mobilizando toda a população brasileira.

A 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas foi realizada no Centro Cultural e de Convenções Ruth Carvalho e contou com a participação de diversos escritores e intelectuais. O evento ocorreu entre os dias 16 e 20 de agosto, das 10h às 22h. Mais informações sobre a Bienal podem ser encontradas no site oficial e nas redes sociais @bienaldealagoas, Threads, Instagram e Facebook.

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