Na última terça-feira, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro foi preso mais uma vez por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Essa decisão veio após a revista Veja divulgar áudios nos quais o tenente-coronel criticou a atuação do ministro e da PF.
Segundo informações do STF, Mauro Cid descumpriu algumas medidas acordadas durante a delação premiada ao fazer as declarações. Além disso, o militar será investigado por obstrução de Justiça e encontra-se detido no batalhão da Polícia do Exército em Brasília.
Após a nova prisão, os investigadores da PF estão reavaliando se os benefícios concedidos a Mauro Cid serão mantidos ou não. A decisão final caberá ao Supremo Tribunal Federal.
Cid assinou o acordo de colaboração premiada no ano passado, após ser detido por conta de fraudes em certificados de vacinação contra a covid-19, e também colaborou com um inquérito sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado atribuída ao alto escalão do governo Bolsonaro.
Caso a Polícia Federal conclua que Mauro Cid não cumpriu as obrigações do acordo de delação premiada, ele poderá ser alvo de um pedido de rescisão. Isso não anularia a delação, mas cancelaria os benefícios previamente concedidos, como a liberdade condicional.
Essa não seria a primeira vez que um acordo de delação premiada seria rescindido. Em 2017, o procurador-geral da República rescindiu o acordo dos executivos do grupo J&F, após acusá-los de omitir informações. Em 2020, o acordo foi restabelecido após o pagamento de multa pelos acusados.
Os áudios divulgados pela Veja mostram Mauro Cid alegando ter sido pressionado a delatar episódios, mas durante uma audiência no STF, o militar afirmou que as acusações foram feitas espontaneamente. Sua defesa alega que os diálogos foram um desabafo, retratando a angústia pessoal e profissional vivida pelo tenente-coronel.