JUSTIÇA – “Presidente do STF interrompe julgamento que pode mudar entendimento sobre foro privilegiado em plenário virtual”

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, protagonizou um momento decisivo ao pedir vista e interromper um julgamento no plenário virtual da Corte que tem o potencial de mudar o atual entendimento sobre a aplicação do princípio do foro por prerrogativa de função, popularmente conhecido como foro privilegiado. A sessão teve início na madrugada da última sexta-feira (29) e conta, até o momento, com dois votos favoráveis à ampliação do alcance do foro privilegiado.

O relator do caso, ministro Gilmar Mendes, determinou que a saída de um cargo público com foro privilegiado só afastará a prerrogativa se o crime tiver sido cometido antes da investidura no cargo ou não estiver relacionado ao exercício da função. Por outro lado, se o delito tiver ligação com a atividade funcional, o foro privilegiado continuará, mesmo após o afastamento do cargo.

O ministro Cristiano Zanin seguiu integralmente o voto de Gilmar Mendes, antes do pedido de vista feito por Barroso. Zanin afirmou que a delimitação do juízo competente para processar e julgar agentes públicos conforme o cargo ocupado deve ser respeitada, mesmo diante de situações como a aposentadoria, renúncia ou exoneração.

A proposta de ampliação do foro especial surgiu em resposta a um habeas corpus do senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), suspeito de exigir que servidores de seu gabinete depositassem parte de seus salários em contas do partido, prática conhecida como “rachadinha”. O caso começou a ser investigado em 2013, quando Marinho era deputado federal, e seguiu em instâncias superiores de acordo com os cargos subsequentes ocupados pelo parlamentar.

A decisão de Barroso de pedir vista e adiar a votação reflete a importância e complexidade do tema, que é fundamental para a garantia da segurança jurídica e imparcialidade no julgamento de autoridades com foro privilegiado. A análise do Supremo sobre o assunto ganha ainda mais relevância diante de casos como o do deputado Chiquinho Brazão, apontado como um dos mentores do assassinato da vereadora Marielle Franco, cuja investigação atualmente tramita no STF devido ao foro privilegiado do parlamentar.

O julgamento em curso no STF reacende o debate sobre a extensão e os limites do foro privilegiado, com potencial impacto em investigações em curso e na manutenção da segurança jurídica em casos envolvendo autoridades públicas. A decisão final do plenário da Corte poderá definir novos rumos e diretrizes para a aplicação do foro por prerrogativa de função no país.

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