JUSTIÇA – O STF solicitou esclarecimentos sobre a escolha do nome de um viaduto em SP em homenagem a coronel da ditadura.

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu prazo de cinco dias para o governo de São Paulo e a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) se manifestarem sobre a aprovação da lei que batizou um viaduto em Paraguaçu Paulista, interior do estado, com o nome de Erasmo Dias, ex-secretário de Segurança Pública no período da ditadura militar. Ele morreu em 2010.

A decisão da ministra foi motivada por uma ação protocolada pelo PT, PSOL e PDT para suspender a norma, sancionada em junho deste ano pelo vice-governador, Felipe Ramuth. Na ocasião, o governador Tarcísio de Freitas estava em Portugal, onde participou de um fórum jurídico.

No entendimento dos partidos, a lei viola os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e da democracia.

Segundo os partidos, Erasmo Dias comandou “atos de barbárie” durante a ditatura, sendo o principal a invasão da PUC-SP, em 1977, para impedir a realização do Encontro Nacional dos Estudantes, que resultou na prisão de centenas de estudantes.

“Conforme se vê, o indivíduo a quem se dirige a honraria é responsável por uma miríade de violações a direitos fundamentais, um orgulhoso agente da ditadura, praticante confesso de tortura psicológica. É, inclusive, pela atuação vil que teve durante o período que o autor da lei objetada pretende homenageá-lo, numa subversão de valores inadmissível para qualquer Estado Democrático”, sustentam os partidos.

O governo de São Paulo afirma que o projeto de lei foi avaliado do ponto de vista técnico e jurídico.

Após receber as informações solicitadas, Cármen Lúcia vai decidir a questão. Não há data para o julgamento.

O caso do viaduto em Paraguaçu Paulista tem gerado debate acalorado sobre a escolha de homenagear uma figura controversa. Enquanto alguns defendem a lembrança do ex-secretário de Segurança Pública como personalidade importante na história do estado, outros argumentam que é inadmissível enaltecer uma pessoa envolvida em violações aos direitos humanos.

A ação movida pelo PT, PSOL e PDT busca suspender a lei que nomeia o viaduto em questão, alegando que tal homenagem vai contra os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e da democracia. Os partidos argumentam que Erasmo Dias foi responsável por diversos abusos durante a ditadura militar, incluindo a invasão da PUC-SP em 1977, onde centenas de estudantes foram presos.

O governo de São Paulo, por sua vez, afirma que o projeto de lei passou por uma análise técnica e jurídica antes de ser aprovado. No entanto, a decisão final será tomada pela ministra Cármen Lúcia, do STF, após o recebimento das informações solicitadas.

É importante ressaltar que a homenagem em questão não é um caso isolado, visto que a discussão sobre a memória e os símbolos da ditadura militar tem sido cada vez mais presente na sociedade brasileira. O debate sobre o papel dessas figuras na história do país e a necessidade de repensar as homenagens prestadas a elas é fundamental para a construção de uma democracia mais justa e inclusiva.

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