JUSTIÇA – MPF pede anulação de contrato de mineradora canadense por irregularidades em projeto de ouro no Pará.

O Ministério Público Federal, através da Procuradoria da República no município de Altamira, no Pará, entrou com um pedido de anulação do Contrato de Concessão de Uso (CCU) de uma área de 2.428 hectares a favor da mineradora canadense Belo Sun. O contrato foi concedido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) em 26 de novembro de 2021, autorizando o projeto de mineração de ouro na região do Xingu.

A ação civil foi movida pelas Defensorias Públicas da União e do Estado do Pará, que já haviam apontado anteriormente para a Justiça a existência de irregularidades no contrato da Belo Sun com o governo federal. Por esse motivo, o MPF também solicitou a anulação da licença de instalação da mineradora, além do reconhecimento de que a empresa não pode retomar o licenciamento ambiental ou obter qualquer outra licença até comprovar a posse legal das áreas onde pretende realizar a mineração.

De acordo com o MPF, a área concedida à Belo Sun se sobrepõe em grande parte ao Projeto de Assentamento Ressaca, correspondendo a cerca de 1.439 hectares, e à Gleba Ituna, onde vivem 977 pessoas em cinco comunidades. A acusação é de que houve apropriação ilegal dessas terras, com subdimensionamento da área diretamente afetada, ausência de supervisão ocupacional, e falta de participação social na elaboração do contrato.

Além disso, o MPF alega que o INCRA descumpriu sua função institucional ao priorizar o empreendimento de mineração em detrimento do projeto de assentamento e de reforma agrária. Segundo o procurador Rafael Nogueira, o órgão não concorda com a imposição de direitos minerários sobre áreas destinadas à reforma agrária, especialmente em um estado marcado por conflitos rurais pela posse de terras.

A Belo Sun, empresa vinculada ao grupo financeiro canadense Forbes & Manhattan, planejava investir R$ 1,22 bilhão no Projeto Volta Grande, empreendimento com o qual espera extrair, em média, cinco toneladas de ouro por ano, durante 12 anos, das minas localizadas em Senador José Porfírio (PA).

O licenciamento da Belo Sun está suspenso desde 2017 pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, devido à falta de indicação dos impactos sobre as comunidades da região. Em 2018, a Justiça Federal decidiu que competia ao Ibama, e não ao governo estadual do Pará, analisar o pedido de licenciamento ambiental apresentado pela mineradora para extrair ouro na região de Volta Grande do Xingu.

A reportagem entrou em contato com a empresa Belo Sun, mas até o momento não obteve uma resposta. Caso a empresa se manifeste, este texto será atualizado.

Jornal Rede Repórter - Click e confira!




Botão Voltar ao topo