JUSTIÇA – Ministro Gilmar Mendes propõe ampliação do foro privilegiado para julgamento de crimes em tribunais específicos mesmo após fim do cargo

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, proferiu um voto na última sexta-feira (29) em que defende a ampliação do alcance do foro por prerrogativa de função, conhecido como foro privilegiado. A proposta de Mendes surgiu em resposta a um habeas corpus do senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), suspeito de praticar a chamada “rachadinha” em seu gabinete.

O crime começou a ser investigado em 2013, quando Marinho era deputado federal, e continuou durante seu mandato de vice-governador do Pará e atualmente como senador. De acordo com o ministro Gilmar Mendes, a atual interpretação do foro por prerrogativa de função reduz o alcance deste direito, causando instabilidade no sistema de Justiça.

Gilmar Mendes também argumentou que a manutenção do foro especial após o término do exercício das funções públicas é importante para preservar a capacidade de decisão do indivíduo que ocupava o cargo. A proposta do ministro visa incluir no foro especial casos de crimes comuns cometidos antes do mandato e sem relação com o mesmo.

Essa proposta de Gilmar Mendes contrasta com uma decisão do STF de 2018, que restringiu o alcance do foro privilegiado apenas para crimes cometidos durante o mandato e em razão dele. A discussão sobre o tema ganhou destaque recentemente com a prisão do deputado Chiquinho Brazão, apontado como um dos mentores do assassinato da vereadora Marielle Franco.

Brazão, que era vereador na época do crime, foi preso sob a alegação de envolvimento com milícias, o que não teria relação com seu mandato como deputado federal. A atual interpretação do STF define que qualquer conduta de um parlamentar federal, mesmo que cometida antes do mandato, deve ser julgada pela corte a partir da posse ou diplomação no cargo.

O voto de Gilmar Mendes ainda está em discussão no plenário virtual do STF e deve ser analisado até o dia 8 de abril. A proposta de ampliação do foro por prerrogativa de função visa garantir a estabilidade do sistema de Justiça e a capacidade de decisão dos ocupantes de cargos públicos mesmo após o término de seus mandatos.

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