De acordo com o MPF, as investigações foram iniciadas com base em uma denúncia anônima recebida pelo órgão e também após notícias sobre a estratégia da plataforma. A suspeita é de que postagens na rede com informações inverídicas e apelativas sejam produzidas não por usuários regulares do Kwai, mas pela própria plataforma – diretamente ou por meio de empresas de publicidade por ela contratadas, sem qualquer identificação de sua origem.
O inquérito terá três frentes de investigação, de acordo com o MPF. A primeira é a suposta criação de perfis falsos de órgãos e autoridades públicas brasileiras no Kwai, como se fossem páginas oficiais. A segunda frente é a produção e circulação de notícias falsas na rede social, especialmente durante a eleição de 2022, com o objetivo de aumentar a audiência. E a terceira frente é a veiculação de vídeos contendo atos de violência contra mulheres e exposição indevida de crianças e adolescentes.
O MPF informou que a empresa Joyo Tecnologia Brasil, responsável pelo Kwai no país, e as empresas de publicidade que prestam serviços à plataforma foram notificadas para prestar esclarecimentos e preservar materiais relevantes para a investigação, como documentos, gravações, vídeos e outros.
A investigação marca a primeira vez que uma plataforma de rede social é investigada não por intermediar conteúdos falsos, mas por produzi-los diretamente. A responsável pela investigação é a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão de São Paulo, que já conduz apurações sobre outras sete plataformas por supostas omissões no combate à desinformação e à violência digital.
A Agência Brasil tentou entrar em contato com a Joyo Tecnologia Brasil para que se manifestasse, mas não obteve resposta até o momento. A empresa deve se pronunciar em breve sobre as acusações.