O que chamou a atenção dos investigadores foi o fato de que parte desses recursos foi parar nas contas de advogados do ex-presidente. Essas transferências suscitaram suspeitas, uma vez que teoricamente esses advogados estariam sendo remunerados pelo partido político de Bolsonaro, não havendo motivo para o ex-presidente realizar pagamentos a eles em sua pessoa física.
Esse novo desdobramento da investigação pode complicar ainda mais a situação de Bolsonaro, pois, como tem sido característico das apurações que o envolvem, cada nova etapa acaba levando a novas suspeitas que precisam ser aprofundadas. Agora, há mais uma frente de trabalho na Polícia Federal com potencial para encrencar o ex-presidente.
As transações financeiras relativas aos recursos recebidos por Bolsonaro de seus apoiadores estão sendo minuciosamente rastreadas, com a finalidade de seguir o caminho do dinheiro. Segundo fontes ouvidas pelo Metrópoles, uma das hipóteses investigadas é a de que os valores tenham sido transferidos a terceiros para depois retornarem de outras maneiras para membros da família de Bolsonaro.
Essa possibilidade pode levar o ex-presidente a ser enquadrado por lavagem de dinheiro, dependendo do desenrolar das próximas etapas da apuração. Além disso, um relatório do Coaf enviado à CPI do 8 de Janeiro revelou que, entre janeiro e julho de 2023, Jair Bolsonaro recebeu R$ 17,2 milhões em transferências feitas por Pix.
Inicialmente, esse dinheiro foi aplicado em fundos de renda fixa, mas parte dele deixou a conta que Bolsonaro abriu em junho de 2020 no Banco do Brasil, que era gerenciada pelo tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Cid, ajudante de ordens do então presidente. A descoberta dessas transações levanta suspeitas sobre as movimentações financeiras do ex-presidente, aumentando a pressão sobre ele perante a opinião pública e as autoridades responsáveis pelas investigações.