De acordo com a análise realizada, a PAC favorece os alimentos de origem animal, direcionando 82% dos subsídios agrícolas da UE para esse setor, sendo 38% destinados diretamente a produtos de origem animal e 44% para a produção de ração animal. Essa preferência política tem incentivado a expansão das explorações pecuárias, que ocupam grandes extensões de terra e utilizam culturas que poderiam ser destinadas à alimentação humana de forma mais eficiente.
Os pesquisadores enfatizaram que essa abordagem tem consequências negativas para a transição alimentar, especialmente diante da meta da Europa de se tornar o primeiro continente neutro em carbono até 2050. A carne bovina, por exemplo, demanda 20 vezes mais terra para produzir a mesma quantidade de proteína que nozes e 35 vezes mais do que grãos. Além disso, os alimentos de origem animal estão associados a 84% das emissões de gases de efeito estufa na produção alimentar da UE.
Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores cruzaram dados sobre os subsídios da UE com informações sobre os fluxos alimentares. Eles identificaram que parte dos subsídios (12%) são destinados a produtos exportados para fora da UE, com destaque para a China e os Estados Unidos. O estudo foi considerado sólido e alarmante por especialistas que destacaram a urgência de uma transição para dietas mais saudáveis e sustentáveis.
Diante desse cenário, a reforma da PAC para o período de 2023-2027 inclui uma maior ênfase em práticas agrícolas ecológicas, visando incentivar o cultivo sustentável e amigável ao meio ambiente. No entanto, essa mudança não foi bem recebida pelos agricultores, que protestaram em diversos países europeus.
Essa pesquisa traz à tona a necessidade de repensar as políticas agrícolas para promover uma transição alimentar mais equilibrada e sustentável na União Europeia, especialmente em meio aos desafios ambientais globais e metas de redução de emissões de gases de efeito estufa.