Enquanto realizava suas compras nesta quinta-feira (26), Hasan Rabee, de 30 anos, presenciou uma bomba caindo perto do mercado da cidade de Khan Yunis, ao sul da Faixa de Gaza. A situação tem sido arriscada e tensa para ele, que veio de São Paulo com a esposa e as duas filhas para visitar a família, dias antes do início do conflito.
Hasan contou que não consegue encontrar água mineral e gás de cozinha na região e que os preços dos produtos aumentaram significativamente. Além disso, alimentos frescos, como frutas, também são difíceis de encontrar. Sua família está há três dias sem gás de cozinha e estão se alimentando de enlatados e conservas.
A falta de água potável também é uma preocupação. Eles estão bebendo água encanada, mas a distribuição só chega até o térreo do prédio onde estão. Hasan precisa descer três andares para encher galões de 20 litros e subir novamente para o seu apartamento, o que ele descreve como um grande sofrimento.
Outro grupo de brasileiros, composto por 16 pessoas, está na cidade de Rafah e também recebeu recursos para compras de mantimentos. Shahed al-Banna, uma jovem brasileira-palestina de 18 anos, afirmou que compraram itens como farinha, óleo, azeite, verduras, queijos e shampoo. No entanto, com a falta de energia para geladeira, alimentos perecíveis não podem ser estocados.
Entidades de ajuda humanitária que atuam na Faixa de Gaza têm alertado que a quantidade de mantimentos que entram na região não é suficiente para atender toda a população. Segundo o Escritório para Assuntos Humanitários da ONU, os cerca de 20 caminhões com ajuda humanitária que chegam em Gaza diariamente representam apenas 4% do volume médio de mercadorias que entravam antes do início dos conflitos.
Com o aumento da violência na região, é necessário que mais ajuda chegue aos brasileiros e à população local para suprir suas necessidades básicas enquanto aguardam a autorização para deixar a área de conflito. A situação exige a atuação não só do governo brasileiro, mas também de organizações internacionais para garantir a segurança e o bem-estar dessas pessoas em meio a um cenário de guerra.