Os investigadores acreditam que novas provas colhidas pela Operação Tempus Veritatis, que mira integrantes do círculo de amizades de Bolsonaro, poderão robustecer a possibilidade de sua prisão. O ex-presidente já foi instruído a entregar seu passaporte e está proibido de manter contato com outros investigados. Seu ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Fábio Wajngarten, que agora o defende, não fez comentários sobre as alegações policiais, mas confirmou que Bolsonaro entregou seu passaporte.
A decisão do ministro Alexandre de Moraes, que contempla inclusive a prisão de Filipe Martins e Marcelo Câmara, ex-assessores de confiança de Bolsonaro, destaca evidências que colocam o ex-presidente como o responsável pelo plano para “virar a mesa”. A prova mais contundente contra Bolsonaro foi encontrada no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, que fechou delação premiada. Mensagens trocadas entre Cid e o general Marco Antônio Freire Gomes sugerem que Bolsonaro editou um decreto golpista para anular o resultado das eleições e prender Moraes.
Além disso, a PF encontrou, em um computador apreendido com Mauro Cid, a gravação de uma reunião entre Bolsonaro, ministros e auxiliares, em que o presidente cobra ações para desacreditar as urnas eletrônicas. De acordo com Moraes, a declaração de Bolsonaro comprova o uso da estrutura do Estado brasileiro para promover “desinformações e notícias fraudulentas” sobre a lisura do sistema de votação.
A possibilidade de prisão preventiva de Bolsonaro está cada vez mais próxima, pois as investigações apontam para a existência de uma “organização criminosa” atuando sob as ordens do ex-presidente. O monitoramento clandestino do ministro Alexandre de Moraes, que poderia estar em curso, também pesa contra os investigados.
Essa não é a primeira investigação da PF que se aproxima de Bolsonaro, que já esteve na mira de inquéritos por suspeitas de fraude em certificados de vacinação da covid-19. Segundo a advogada Jacqueline Valles, a apreensão do passaporte do ex-presidente minimiza o risco de fuga, o que poderia levar à prisão preventiva se ele passasse a atrapalhar o andamento do processo, ameaçar testemunhas ou desobedecer determinações judiciais.
A PF já realizou outras operações voltadas para investigar Bolsonaro, como os casos relacionados a milícias digitais, fraude nos cartões de vacina da covid-19, joias sauditas, atos golpistas do 8 de Janeiro, interferência na Polícia Federal e ataques às urnas eletrônicas. Essas ações fortalecem cada vez mais a presença do ex-presidente no radar das autoridades e indicam que o cerco está se fechando. A população aguarda ansiosamente para ver quais serão os desdobramentos desse caso, que envolve um dos ex-presidentes mais polêmicos da história recente do Brasil.