Genoíno critica papel das Forças Armadas nos atos golpistas de 8 de janeiro e avalia formas de punição e transformação para o Brasil.

O ex-deputado federal José Genoíno, ex-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) e assessor especial do Ministério da Defesa durante o governo Dilma, concedeu uma entrevista à Agência Brasil em que discutiu os atos golpistas de 8 de janeiro de 2022. Segundo ele, esses eventos ainda exigem reflexões e ações por parte da sociedade e das autoridades.

Genoíno, que foi guerrilheiro durante a ditadura militar e participou da fundação do PT, considera que não é possível separar a instituição Forças Armadas da atuação dos militares envolvidos diretamente nos atos golpistas. Para ele, a instituição respaldou o movimento iniciado com a vitória de Lula em 30 de outubro, o que levou à manifestação do 8 de janeiro.

O petista acredita que é preciso punir não apenas os militares que depredaram os prédios em Brasília, mas principalmente quem articulou todo o movimento golpista, que formou acampamentos em frente aos quartéis em todo o país. Em sua visão, as Forças Armadas têm uma dívida com o país e deveriam se desculpar pela tentativa de ruptura democrática e constitucional.

Ele critica a atuação das Forças Armadas durante os últimos anos, afirmando que elas não cuidaram do essencial para a defesa nacional, como o desenvolvimento tecnológico, a integração sul-americana e a inserção do Brasil no mundo. Também aponta a influência da extrema-direita nas Forças Armadas, que adotaram uma postura contrária ao politicamente correto, à esquerda e aos movimentos por emancipação.

Genoíno também comenta a manutenção do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) sob controle do Exército e a transferência da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para a Casa Civil, considerando que essa visão de abarcar todo o sistema de inteligência num único órgão é ultrapassada e autoritária.

Sobre as punições e sindicâncias abertas pelas Forças Armadas contra militares envolvidos nos atos golpistas, o ex-deputado considera que elas são simbólicas e uma espécie de faz de conta. Ele ressalta a necessidade de investigar não apenas os participantes mais visíveis dos eventos, mas também quem articulou e financiou o movimento.

Genoíno acredita que as oportunidades de mudanças que o 8 de janeiro abre para o Brasil estão relacionadas à questão democrática e à necessidade de reformas políticas institucionais para melhorar a qualidade de vida do povo brasileiro. Ele destaca que a democracia precisa ser algo concreto e presente no cotidiano do país, não sendo apenas um engano ou um intervalo entre outros regimes políticos.

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