A defesa de Delgatti havia pedido ao STF autorização para que ele pudesse ficar em “silêncio absoluto” durante a CPMI. O advogado do hacker, Ariovaldo Moreira, alegou que existiam indícios de que ele poderia ser alvo de constrangimentos durante o depoimento, o que poderia levá-lo a uma confissão de culpa.
Delgatti foi preso pela Polícia Federal (PF) há duas semanas sob suspeita de invadir sistemas do Judiciário. Durante os interrogatórios, ele confessou ter invadido o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserido um mandado falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF. O hacker ainda afirmou que o crime foi encomendado pela deputada federal Carla Zambelli, acusação que a parlamentar nega veementemente.
Na quarta-feira, Delgatti foi interrogado pela PF e, segundo seu advogado, apresentou conversas que comprovariam o pagamento de aproximadamente R$ 40 mil pela invasão dos sistemas do Judiciário. A operação que resultou na prisão de Delgatti também teve a deputada Zambelli e dois de seus assessores como alvos de mandados de busca e apreensão em Brasília. As investigações apontam que funcionários da parlamentar teriam realizado transferências via Pix para contas do hacker como pagamento pelos serviços prestados.
A autorização do STF para o hacker permanecer em silêncio na CPMI levanta questionamentos sobre a obtenção de informações e a possibilidade de que fatos relevantes não sejam esclarecidos. A decisão do ministro Fachin tem como objetivo proteger os direitos do acusado, mas também cria obstáculos para o avanço das investigações sobre a invasão dos sistemas do Judiciário e possíveis conexões políticas. Resta aguardar os desdobramentos desse caso e verificar se outras medidas serão tomadas para buscar a verdade dos fatos.