De acordo com o delegado José Evangelista, responsável pelas investigações, Telmário tem muita influência e a possibilidade de ele ter sido avisado da operação com antecedência não está descartada. O delegado afirmou em entrevista ao portal Metrópoles: “É uma pessoa que tem muita influência. É de uma família tradicional de Roraima. Ele tem uma vida política muito extensa. Eu não descarto a possibilidade de ele ter tido conhecimento antecipado dessas informações sigilosas. Independente de cautela ou controle que a gente buscou ter, mas esse tipo de coisa foge da nossa esfera de controle”.
Durante a coletiva de imprensa, o delegado deu mais detalhes sobre a atuação do grupo acusado de participar do assassinato de Antônia. Foram expedidos três mandados de prisão e sete de busca e apreensão, porém, apenas um alvo foi encontrado. Leandro Luz da Conceição, apontado como suspeito de ter disparado o tiro que matou Antônia, foi preso em Caracaraí, no interior de Roraima. O sobrinho do ex-senador, Harrison Nei Correa Mota, conhecido como “Ney Mentira”, responsável por organizar o assassinato, também está foragido.
O delegado também mencionou as motivações do crime, destacando o depoimento que Antônia daria sobre um crime de estupro envolvendo Telmário e a própria filha do casal. Em agosto deste ano, a jovem de 17 anos acusou o ex-senador de estupro e registrou um boletim de ocorrência contra ele. Segundo o delegado, Antônia seria ouvida sobre esse caso de estupro na segunda-feira seguinte ao seu assassinato.
Outro ponto abordado na coletiva foi a participação da ex-assessora de Telmário no caso. Segundo o delegado, ela teria seguido Antônia dias antes do assassinato a pedido do ex-senador. A ex-assessora foi alvo de medidas cautelares e deverá usar tornozeleira eletrônica.
A Polícia Civil ainda não conseguiu identificar o motorista que conduzia a moto no dia do crime, assim como não localizou a arma utilizada no homicídio.
Antônia foi morta com um tiro na cabeça em 29 de setembro, quando saía de casa para trabalhar. O crime foi cometido por duas pessoas que estavam em uma moto. A investigação aponta que a decisão de matá-la foi tomada em uma reunião na fazenda Caçada Real, onde Telmário teria deixado seu sobrinho responsável por organizar o assassinato.
O sobrinho, conhecido como “Ney Mentira”, teria comprado a moto usada no crime. De acordo com os investigadores, o veículo foi adquirido por R$ 4 mil em dinheiro e estava em nome de outra pessoa, com documentação irregular. Ney Mentira já possui acusações de homicídio qualificado, estelionato, roubo majorado, furto qualificado e apropriação indébita.
Após a compra da moto, o sobrinho a entregou para a ex-assessora de Telmário, que a levou a uma oficina para reparos e revisão. Em seguida, a mesma mulher entregou a moto aos autores do crime, conforme indicado pelo sobrinho do político.