Evolução do mercado financeiro: profissionais deixam bancos e criam empresas de gestão de fortunas para famílias ricas no Brasil.

No Brasil, o lançamento de novos fundos de hedge tem diminuído significativamente devido ao aumento das taxas de juros. Em consequência disso, muitos profissionais do setor estão migrando para a gestão de patrimônio, especialmente para o segmento de famílias ricas. Além disso, alguns consultores de investimentos independentes estão optando por se fundir para ganhar escala.

De acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), foram abertas trinta novas empresas de gestão de fortunas no primeiro semestre deste ano, incluindo aquelas fundadas por ex-banqueiros do Credit Suisse. O Brasil atualmente possui 141 empresas independentes que administram um total de R$ 460,4 bilhões (US$ 91 bilhões) em riquezas, competindo com os bancos que supervisionam quase R$ 2 trilhões de seus negócios locais de private banking.

No entanto, apesar do número crescente de mediadores financeiros, a quantidade de nova riqueza não tem acompanhado esse crescimento. Nenhuma empresa brasileira abriu capital nos últimos dois anos, já que os acionistas controladores evitam vender ações a preços baixos. Algumas famílias ricas tiveram que injetar dinheiro em suas empresas para lidar com o aumento do endividamento, o que reduce a liquidez disponível para a gestão dos multifamily offices.

A baixa rentabilidade também é um fator que influencia a migração para a gestão de patrimônio. Enquanto os fundos de hedge podem cobrar até 2% dos ativos dos clientes, mais uma taxa de desempenho de 20%, os gestores de patrimônio geralmente recebem entre 0,30% e 0,70%. Isso tem levado bancos globais como JPMorgan, BNP Paribas e Crédit Agricole a venderem seus negócios de private banking onshore no Brasil.

A crise vivenciada pelo Credit Suisse nos últimos anos também tem contribuído para a saída de banqueiros experientes com clientes de longa data. Vários ex-executivos do banco suíço fundaram suas próprias empresas de gestão de patrimônio, como a Sten Gestão Patrimonial e a Wealth High Governance. Além disso, ex-executivos de outros bancos, como Itaú Unibanco, também estão ingressando no setor de gestão de patrimônio, como é o caso da We Capital.

É esperado que haja uma maior consolidação no setor, com as empresas maiores se aproximando das menores e propondo acordos para reduzir custos e ganhar escala. Algumas das empresas mais antigas já estão se fundindo com participantes mais recentes, como é o caso da Taler Gestão de Patrimônio, que foi adquirida pela Galápagos Capital.

As empresas de gestão de patrimônio independentes têm se destacado por oferecer consultoria de investimento sem tentar forçar produtos internos aos clientes. Além disso, elas têm a capacidade de trabalhar com clientes de diferentes faixas de fortuna e oferecer serviços de planejamento tributário e sucessório, o que é crucial para atrair clientes de alto patrimônio.

Apesar dos desafios enfrentados pelo setor, os profissionais acreditam na resiliência do Brasil e no potencial de lucratividade das empresas de gestão de patrimônio. Ainda assim, espera-se que ocorra uma consolidação ainda maior, impulsionada pela competição mais acirrada e pela falta de ofertas públicas.

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