A pesquisa, que entrevistou 2,4 mil professores, gestores e estudantes que atuaram ou estudaram em escolas públicas estaduais que implementaram o Novo Ensino Médio na 1ª série no ano de 2022, revela a insatisfação de uma grande parcela da comunidade escolar. Os dados divulgados são apenas uma parte da pesquisa, cujo relatório final deverá ser concluído em janeiro de 2024.
O Novo Ensino Médio, aprovado em 2017 e implementado em 2022, tem sido alvo de polêmicas e encontra-se em discussão no Congresso Nacional. Pelo novo modelo, parte das aulas passa a ser comum a todos os estudantes do país, direcionada pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), enquanto outra parte da formação permite que os alunos escolham um itinerário para aprofundar seu aprendizado.
Entre os desafios apontados para a implementação do Novo Ensino Médio, gestores apontam a formação continuada para docentes e gestores, a adequação da infraestrutura escolar, a obtenção de apoio técnico e aquisição e elaboração de material didático como os maiores desafios. Já os professores consideram inadequada a formação recebida para implementar a BNCC e os itinerários formativos.
Segundo a coordenadora do setor de Educação da Unesco no Brasil, Rebeca Otero, a pesquisa visa fornecer subsídios para melhorar o Novo Ensino Médio. Ela ressalta a importância de considerar o descompasso entre o que está sendo possível ofertar e o que está sendo demandado para criar condições para melhor atender tanto estudantes quanto os professores e gestores.
É importante ressaltar que, para além das disputas políticas em torno do tema, a voz dos estudantes, professores e gestores deve ser levada em consideração, já que a implementação do Novo Ensino Médio impacta diretamente suas vidas e suas práticas educacionais. A pesquisa realizada pela Unesco apresenta um retrato preocupante da insatisfação com o novo modelo, demandando uma reavaliação das políticas educacionais em curso.
