Educação bilíngue para surdos vai além de intérpretes de Libras em sala de aula, afirmam participantes de audiência pública

Na última terça-feira (23), a Câmara dos Deputados sediou uma audiência pública com participantes que defenderam a importância da educação bilíngue para surdos, indo além da simples presença de intérpretes de Libras nas salas de aula. O encontro contou com a presença do professor-adjunto do Departamento de Libras da Universidade Federal de Santa Catarina, Rodrigo Rosso Marques, que ressaltou a relevância da comunicação como ponto central do ensino bilíngue.

De acordo com Marques e outros participantes, a língua de instrução deve ser a língua de sinais em todos os ambientes escolares, enquanto o português deve ser ensinado como uma segunda língua. O professor também destacou a importância de os educadores utilizarem a linguagem de sinais em vez de contar apenas com intérpretes, facilitando a compreensão das necessidades dos alunos surdos.

Além disso, Rodrigo Marques apontou que as aulas nas escolas bilíngues para surdos precisam ter uma duração maior em comparação com as instituições destinadas apenas a ouvintes. O professor, que é surdo, ressaltou a necessidade de pausas durante as aulas para permitir que os alunos surdos possam escrever e registrar suas anotações.

A importância da educação bilíngue para surdos está prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e assegurada em outra lei de 2021. A deputada Amália Barros (PL-MT), autora do pedido para a realização do debate, destacou que a legislação garante que a educação bilíngue para surdos é uma modalidade de ensino independente da educação especial, representando uma vitória, mas ressaltando a necessidade de avanços.

Durante o encontro, foi ressaltada a importância da seleção de professores qualificados para atuar nas escolas bilíngues para surdos. Segundo o coordenador-substituto do Curso de Língua de Sinais Brasileira, Messias Ramos Costa, muitos profissionais não possuem proficiência adequada em Libras. Ele sugeriu a criação de bancas de avaliação formadas por pessoas surdas como forma de corrigir essa deficiência.

De acordo com Rodrigo Marques, o censo escolar de 2020 indicou que havia mais de 63 mil alunos surdos matriculados na educação básica no Brasil, com apenas pouco mais de 7 mil em escolas bilíngues. O professor também apontou que a comunidade surda no país corresponde a cerca de 11 milhões de pessoas, ressaltando a necessidade de garantir uma educação de qualidade para esse segmento da população.

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