A refinaria, que foi renomeada para Refinaria de Mataripe após ser vendida por US$ 1,65 bilhão (equivalente a R$ 8,08 bilhões pelo câmbio atual) ao fundo Mubadala Capital, divisão de investimentos da Mubadala Investment Company, chamou a atenção da CGU pela venda realizada em um cenário de incertezas econômicas provocadas pela pandemia.
Além disso, a auditoria apontou fragilidades na utilização de cenários como suporte à tomada de decisão, ressaltando a falta de medição de probabilidade realista em eventos futuros. A Petrobras defendeu a prática de utilização de cenários como comum e adequada, apesar de reconhecer as limitações, e se comprometeu a avaliar as melhorias sugeridas.
A divulgação do relatório também ressuscitou suspeitas em torno de presentes concedidos pelo governo dos Emirados Árabes Unidos ao ex-presidente Jair Bolsonaro em outubro de 2019 e novembro de 2021, mês da venda da refinaria. Bolsonaro devolveu às autoridades o fuzil e a pistola dados pelo governo dos Emirados, em conformidade com uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU). Além disso, existem investigações a respeito de joias e esculturas recebidas pelo ex-presidente em suas viagens oficiais aos Emirados Árabes.
A possível conexão entre a venda da refinaria e o recebimento dos presentes despertou a atenção do ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, que acredita que essa relação merece ser investigada. Ele destacou que, durante o governo passado, denúncias acerca das inconsistências da privatização da refinaria foram feitas pela liderança da oposição no Senado.
Em resposta a essas suspeitas, o ministro da CGU, Vinicius Marques de Carvalho, informou que a auditoria sobre a venda da refinaria está nas mãos da Polícia Federal, que já teve acesso ao relatório.
Por fim, o ex-presidente Bolsonaro defendeu a privatização da refinaria, alegando que a venda foi aprovada pelo Tribunal de Contas da União, quando as suspeitas de ligação entre a venda da refinaria e o recebimento de presentes dos Emirados Árabes surgiram.