No entanto, mesmo com a redução observada nos últimos meses, a taxa de juros ainda registrou um crescimento de 1,5 ponto percentual nos 12 meses encerrados em setembro. Em contraste, nos 12 meses encerrados em agosto, a alta foi de 7,6 pontos percentuais, evidenciando a desaceleração desse indicador ao longo do período.
O comportamento dos juros bancários médios ocorre em um momento em que a taxa básica de juros da economia, a Selic, também vem sendo reduzida pelo BC. A inflação, que subiu na segunda metade do ano, era esperada por economistas. Como resultado, o BC cortou os juros pela terceira vez no semestre, para 12,25% ao ano, em um ciclo que deve seguir com cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões.
De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, em um ciclo de aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. A previsão dos analistas é que a Selic caia para 11,75% até o fim do ano.
No crédito livre para as famílias, a taxa média de juros chegou a 57,3% ao ano, representando uma redução de 0,5 ponto percentual em relação a agosto. Já a taxa para as empresas subiu 0,4 ponto percentual no mês, chegando a 22,9% ao ano. De acordo com o BC, esse resultado se deve a uma maior participação de modalidades com taxas mais elevadas em relação às de menor custo.
Entre as modalidades de crédito, o cartão de crédito para pessoas físicas registrou uma redução de 0,1 ponto percentual no mês, atingindo 101,4% ao ano. Já o crédito rotativo teve uma queda de 4,4 pontos percentuais no mês, chegando a 441,1% ao ano.
Em relação ao crédito pessoal não consignado, houve uma queda de 1,3 ponto percentual em setembro, com a taxa alcançando 91,3% ao ano. Por outro lado, os juros do cheque especial tiveram alta de 2,8 pontos percentuais no mês, chegando a 134,4% ao ano.
Por fim, as concessões de crédito subiram 0,5% para as pessoas físicas e 3,8% para as empresas em setembro. Em comparação com agosto, esses aumentos representam uma desaceleração do crédito bancário. O estoque de todos os empréstimos concedidos pelos bancos do Sistema Financeiro Nacional (SFN) alcançou R$ 5,575 trilhões, um crescimento de 0,8% em relação a julho.
Em relação ao endividamento das famílias, a inadimplência se manteve estável em 3,5% em setembro. O endividamento das famílias aumentou para 48% em agosto, com o comprometimento da renda atingindo 27,5%. No entanto, excluindo o financiamento imobiliário, o endividamento ficou em 30,4% no nono mês do ano.
Esses indicadores, embora apresentem pequenas oscilações e desaceleração, demonstram um cenário de relativa estabilidade e controle dos indicadores de crédito e endividamento, apesar do contexto de redução das taxas de juros.