No ano passado, os saques totalizaram R$ 3,91 trilhões, enquanto os depósitos foram de R$ 3,83 trilhões. Apenas dois meses, junho e dezembro, apresentaram saldo positivo, com mais depósitos do que saques. Nos demais meses do ano, foram registradas saídas líquidas.
Em relação aos rendimentos creditados nas contas de poupança, o total foi de R$ 73,08 bilhões em 2023, resultando em um estoque aplicado na poupança de R$ 983,03 bilhões. A alta no endividamento das famílias, que atingiu 47,6% em outubro, de acordo com o BC, e cerca de 76,6% das famílias, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), contribui para explicar os saques nas cadernetas.
Além do endividamento elevado, a manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em patamares altos, tem incentivado a busca por investimentos com melhor desempenho, uma vez que o rendimento da poupança segue limitado. Atualmente, a poupança rende 6,17% ao ano mais a Taxa Referencial (TR), regra que se aplica quando a Selic está acima de 8,5% ao ano.
Apesar de o resultado negativo em 2023 ter sido menor do que o registrado em 2022, quando a fuga líquida chegou a R$ 103,24 bilhões, este ainda representa um desafio para a caderneta de poupança. Em 2020, um cenário oposto foi observado, com a poupança registrando captação líquida recorde de R$ 166,31 bilhões. Essa mudança pode ser atribuída à instabilidade no mercado de títulos públicos no início da pandemia e ao pagamento do auxílio emergencial, que foi depositado em contas poupança digitais da Caixa Econômica Federal.
Com base nesses dados, o desafio da poupança continua em meio a um cenário de inflação, endividamento e juros altos, que tem resultado em mais saques do que depósitos nos últimos anos.