ECONOMIA – O novo diretor do BC atribui seu sucesso à educação pública.

No segundo dia da semana de integração da Universidade Estadual da Bahia (Uneb), um emocionante reencontro de gerações marcou os novos alunos que acabaram de ingressar na instituição. Valdir dos Santos Miranda, prestes a se aposentar como professor do Departamento de Ciências Contábeis, agradeceu ao ex-aluno mais ilustre da Uneb, Ailton de Aquino Santos, empossado recentemente como diretor de Fiscalização do Banco Central (BC) e primeiro dirigente negro da autarquia.

Durante uma videoconferência realizada na terça-feira (15), Valdir parabenizou Aquino pela sua nova posição e agradeceu por representar tão bem a universidade. Emocionado, o professor mencionou ter ficado comovido desde o momento em que soube da indicação de Aquino para o BC e ressaltou que se aposentará no próximo ano com o sentimento de dever cumprido.

Aquino, também emocionado, recordou que foi Valdir quem lhe deu aula de contabilidade das instituições financeiras na Uneb. Ele revelou que veio trabalhar exatamente com essa matéria e que as lições do professor são sempre lembradas quando está realizando suas atividades profissionais. O ex-aluno destacou a conexão especial que tem com a Uneb e afirmou que a universidade proporcionou a ele a oportunidade de realizar o sonho de cursar o ensino superior.

Durante a mesa-redonda intitulada “Fiz Uneb: narrativas de lutas e conquista profissional”, Aquino enfatizou a importância das universidades públicas como instrumento de inclusão social e reparação histórica para as camadas excluídas da população. Nascido no interior da Bahia, ele ressaltou que a Uneb foi fundamental em sua vida e que é grato por ter tido a chance de estudar contabilidade no campus de Salvador.

Aquino também mencionou o impacto positivo que os professores da Uneb tiveram em sua formação e carreira. Ele destacou a importância de trazer recortes de jornais com temas econômicos para serem debatidos nas aulas de economia e mencionou que sempre se questiona o motivo de ser um negro competente ao invés de um competente negro.

O diretor do BC reconheceu o papel histórico que exerce ao ser o primeiro negro a ocupar um cargo de direção na instituição e defendeu programas afirmativos que ampliem o acesso da população negra ao ensino superior e a órgãos públicos. Ele lembrou que a Uneb foi a primeira instituição a adotar cotas para estudantes negros no Brasil, em 2002.

Ao falar sobre a falta de diversidade em cargos de decisão no Brasil, Aquino ressaltou a importância de mais representatividade e oportunidades para a população negra. Ele compartilhou sua experiência de ser confundido com um representante angolano durante uma reunião internacional do Banco de Compensações Internacionais, na Suíça, e destacou que ser o primeiro negro em um cargo estratégico do BC desperta surpresa para muitas pessoas.

Apesar das dificuldades, Aquino se diz otimista em relação ao aumento da importância do negro na sociedade. Ele ressaltou a importância da educação contínua, especialmente para os estudantes negros que desejam ocupar cargos de decisão. Aquino também aconselhou o estudo de línguas estrangeiras como um diferencial na vida profissional.

Com orgulho, Aquino compartilhou que sua filha escolheu estudar direito na Uneb, estabelecendo uma conexão ainda maior com a universidade. Ele afirmou que, mesmo morando em Brasília, sua filha decidiu seguir os seus passos e se formar na própria instituição.

O reencontro entre Valdir dos Santos Miranda e Ailton de Aquino Santos emocionou os participantes da semana de integração da Uneb e ressaltou a importância da universidade na formação de profissionais qualificados e no combate à exclusão social.

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