Dono da 123milhas declara suspensão de emissão de passagens promocionais e dependência de novas compras para a empresa.

123milhas suspende emissão de passagens promocionais e entra em recuperação judicial

Ramiro Madureira, um dos donos da empresa de venda de passagens aéreas 123milhas, compareceu à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras nesta quarta-feira (6) para prestar esclarecimentos sobre a suspensão da emissão de passagens promocionais e a situação financeira da empresa. Madureira explicou que a decisão de suspender a linha promocional, que foi iniciada em abril de 2022, foi tomada devido ao alto custo das passagens e ao fluxo de novas compras no site, que acabou sendo menor do que o esperado.

Madureira afirmou que a empresa acreditava que o custo das passagens promocionais diminuiria ao longo do tempo, à medida que a eficiência tecnológica da operação melhorasse e o mercado da aviação se recuperasse dos impactos da pandemia. No entanto, ocorreu o oposto, com o mercado se comportando permanentemente como se estivesse em alta temporada, o que afetou não apenas a linha promocional, mas toda a 123milhas.

O empresário ressaltou que a dependência de novas receitas não está relacionada à linha promocional, mas aos demais produtos vendidos pela empresa. Ele expressou confiança na continuidade da 123milhas, pois é essencial que a empresa continue operando para que os 150 mil consumidores que planejavam viajar em 2023 sejam ressarcidos dentro do plano de recuperação, que será discutido com os credores. Além disso, Madureira afirmou que aqueles que adquiriram passagens para 2024 também serão incluídos no plano, mas ainda não têm conhecimento sobre a quantidade de pessoas envolvidas.

Na próxima semana, a empresa terá uma reunião com a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacom) para negociar um acordo de compensação aos clientes. Serão priorizados aqueles que precisam viajar por motivos de saúde. Madureira anticipou que mais demissões ocorrerão nas empresas do grupo, que atualmente conta com cerca de 1.300 funcionários.

Durante seu depoimento, Madureira foi questionado sobre a transação entre a 123milhas e a Hotmilhas, uma empresa associada ao grupo, que envolvia a compra de milhas pelos clientes. O empresário respondeu que a empresa apenas mediava a transação entre os vendedores e compradores de milhas, mas não deu uma resposta direta sobre o não pagamento dessas transações. Ele foi aconselhado por seus advogados a não responder a essa questão, invocando um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal.

A dona da Hotmilhas, Tânia Madureira, também compareceu à CPI e revelou que a empresa possui cerca de 500 milhões de milhas não utilizadas de 15 mil pessoas e que pretende negociar a devolução durante o processo de recuperação judicial.

Durante a audiência, o relator da CPI apresentou várias promoções feitas pela 123milhas, questionando se os sócios da empresa lucraram com elas. Ramiro Madureira escolheu não responder a essa pergunta. Ele explicou que esses preços eram exceções e que, em geral, a empresa buscava emitir passagens com descontos de 20% a 35% abaixo do valor de mercado, aproveitando a janela de oportunidade que ocorria de 30 a 45 dias antes da viagem.

Por fim, alguns deputados questionaram a sustentabilidade do modelo de negócios da empresa, alegando que se tratava de uma grande pirâmide financeira. Madureira pediu desculpas pelos transtornos causados aos clientes e afirmou que a empresa atua há 14 anos, sendo responsável por 10% das passagens emitidas no país em 2021.

Em outra parte do depoimento, Max Oliveira, fundador da Maxmilhas, esclareceu que vendeu a empresa para a Novum, controladora da 123milhas, em 2022. Ele afirmou que a Maxmilhas foi afetada pela crise da 123milhas, mas opera de forma independente e está comprometida em honrar suas obrigações.

É importante ressaltar que as informações apresentadas neste artigo são baseadas no depoimento prestado por Ramiro Madureira à CPI das Pirâmides Financeiras e não têm uma fonte específica mencionada.

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