Dólar à vista emenda terceira alta consecutiva e atinge maior valor de fechamento desde dezembro, cotado a R$4,95.

Nesta quarta-feira, 17 de março, o dólar à vista registrou o terceiro dia consecutivo de alta no mercado doméstico de câmbio, refletindo o fortalecimento do dólar americano no exterior e o aumento das taxas dos Treasuries. A divulgação de dados positivos do varejo nos EUA pela manhã aumentou a percepção de que há menos espaço para um início de corte de juros pelo Federal Reserve ainda em março.

Além do impacto das expectativas em torno da política monetária nos EUA, também contribuíram para a alta do dólar os temores de aumento das tensões geopolíticas e a preocupação com o ritmo de crescimento da economia chinesa. Apesar de o crescimento da China em 2023 ter superado a meta estabelecida pelo governo, houve sinais de desaceleração da atividade econômica no quarto trimestre, o que teve reflexos nos preços das commodities, como o minério de ferro.

Durante a manhã, o dólar chegou a ultrapassar o teto de R$4,95 e atingiu a máxima de R$4,9547. No entanto, a febre compradora diminuiu no início da tarde, levando a moeda a operar em terreno negativo, com mínima a R$4,9237. Ao final da sessão, o dólar avançava 0,09%, cotado a R$4,9301 – o maior valor de fechamento desde 15 de dezembro. Na semana, o dólar acumula uma valorização de 1,49%.

A desaceleração da alta do dólar ao longo da tarde foi atribuída por operadores a ajustes técnicos e movimentos de realização de lucros. A proximidade do nível técnico de R$4,95 costuma atrair vendedores, o que ajuda a explicar a força vendedora observada quando a moeda se aproxima desse valor.

A busca global pela moeda americana também foi influenciada pelo aumento das tensões geopolíticas, como os recentes ataques de rebeldes Houthis a embarcações americanas na região do Mar Vermelho, e pela reação negativa de autoridades chinesas a cumprimentos de países como os EUA ao novo presidente de Taiwan. No Brasil, as tensões entre o Congresso e o Governo em relação a desonerações também contribuem para prejudicar o apetite pelo real.

O índice DXY, que serve de referência para o comportamento do dólar em relação a seis divisas fortes, operava em leve alta quando o mercado local fechou, aos 103,454 pontos. O economista-chefe do Banco Fibra, Marco Maciel, atribui a recente alta do dólar para o nível de R$4,90 à contenção do otimismo excessivo do mercado em relação ao início do afrouxamento monetário nos Estados Unidos. Segundo Maciel, pelo menos 70% da valorização do real entre dezembro de 2023 e o início deste ano está relacionada à queda dos juros futuros americanos, refletindo apostas crescentes de corte de juros pelo Fed em março deste ano.

Maciel destaca ainda que o discurso do diretor do BC americano Christopher Waller, alertando para o nível elevado do núcleo da inflação ao consumidor e dos preços de serviços, levou a uma alta dos Treasuries, impactando a taxa de câmbio. Ele estima um valor justo para a taxa de câmbio no curto prazo em R$4,95, dado o fluxo cambial negativo neste início de ano.

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