Segundo avaliação de governistas, a afirmação de Dino ocorreu em um momento inadequado, considerando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está se recuperando de uma cirurgia no quadril. Aliados de Lula que defendem a indicação de Messias afirmam que a disputa ainda está em aberto e veem certa pressão nas declarações de Dino com o intuito de efetivar sua indicação.
Dino disse ao O GLOBO que Lula nunca tratou do assunto com ele e não insinuou nada sobre sua possível indicação ao STF. Ao afirmar que, uma vez na Corte, não voltaria à política, Dino tenta esvaziar a principal crítica dos opositores à sua indicação: a de que poderia usar o cargo como trampolim para disputar a Presidência da República.
Auxiliares do presidente afirmam que a declaração de Dino não irá influenciar a decisão de Lula e que a escolha será baseada nas informações e no histórico de relação que o chefe do Executivo já possui com o futuro ministro do STF. Em meio à pressão para indicar uma mulher para a Corte, Lula busca um nome de sua confiança e com uma relação próxima para substituir Rosa Weber.
Os petistas receberam essa afirmação como uma “promessa vazia” e como um movimento que mostra que a disputa ainda não está definida, argumentando que, se já houvesse uma escolha, Dino não precisaria se comprometer a não voltar para a política.
Messias é o nome do PT para o STF e, mesmo com a favoritismo de Dino, continua sendo pressionado para ocupar a vaga. Além de ter a confiança do partido, Messias possui uma relação de longa data com a legenda. Já ocupou o cargo de secretário-adjunto da Secretaria de Assuntos Jurídicos durante o governo de Dilma Rousseff e foi chefe de gabinete do senador Jaques Wagner (PT-BA) por quatro anos.
Por outro lado, Flávio Dino é atualmente um dos principais conselheiros jurídicos de Lula. O presidente tem buscado sua opinião, por exemplo, para a indicação do novo procurador-geral da República.
Por ser o único nome do círculo mais próximo de Lula que está fora do PT, Dino tem sido alvo de críticas por parte dos petistas, que já defendem a divisão do Ministério da Justiça caso sua indicação se concretize.