O ataque, conhecido como “Quebra de Xangô”, foi promovido por um grupo intitulado Liga dos Republicanos Combatentes. O ato foi direcionado a casas de religiões de matriz africana em Maceió e cidades vizinhas, e a ação foi vista como uma demonstração de intolerância religiosa. O ataque foi planejado por uma milícia organizada, que atuava como braço armado de um político inimigo do governador da época.
A represália resultou na invasão, vandalismo, espancamentos, ameaças e roubo de objetos sagrados. Dentre esses objetos, um conjunto de 216 peças não foi destruído e passou a ser exposto como símbolo do crime. Os itens roubados foram nomeados como coleção Perseverança e permaneceram guardados por anos em um museu local até serem transferidos para o Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas.
Agora, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) avalia a possibilidade de tombar as peças como patrimônio cultural brasileiro. Segundo historiadores e pesquisadores, essas peças representam um importante documento da memória religiosa do estado, sendo essenciais para a preservação da história das religiões afro-brasileiras.
As peças, apesar de apresentarem desgastes, estão bem preservadas de forma geral. No entanto, as ações de conservação e restauração ainda se fazem necessárias. Além disso, a comunidade de religiosos tem participado do processo de valorização e ressignificação cultural das peças, visando à preservação da memória e da identidade dos povos de terreiros.
A preservação e o tombamento da coleção Perseverança como patrimônio cultural brasileiro representam uma reparação essencial para a memória das religiões afro-brasileiras e para a valorização da resistência negra no estado de Alagoas. O reconhecimento da luta dos ancestrais é fundamental para o respeito e a valorização das tradições religiosas e culturais.