Esses números são superiores aos registrados no mesmo período do ano passado, quando quatro adolescentes perderam suas vidas e uma criança e dois adolescentes ficaram feridos. Esses dados alarmantes refletem uma triste realidade de violência que assola a região.
Dentre as oito vítimas, quatro foram atingidas durante ações ou operações policiais. Um dos casos mais emblemáticos é o de Thiago Menezes Flausino, de apenas 13 anos, que foi morto a tiros na Cidade de Deus, na zona oeste do Rio, no dia 7 de agosto. A Corregedoria da Polícia Militar indiciou os policiais envolvidos nessa ação, pois há indícios de que eles plantaram uma arma no local, além de terem utilizado um carro descaracterizado e drones que não pertencem à corporação. A falta de câmeras nas fardas dos policiais também dificulta a identificação da origem do tiro que tirou a vida de Thiago.
Outro caso lamentável ocorreu no dia 12, durante uma abordagem policial, quando Wendell Eduardo, de 17 anos, que estava na garupa de uma moto, também foi morto a tiros. Após essa trágica morte, moradores da Cova da Onça, uma localidade do Dendê, iniciaram uma manifestação que, segundo testemunhas, foi reprimida a tiros pela Polícia Militar. Um desses tiros atingiu Eloáh Passos, de apenas 5 anos, que brincava no quarto.
Além desses casos, outras histórias tristes de mortes de jovens vieram à tona. Kamily Gimenes Silva, de 14 anos, foi morta a tiros após o ex-cunhado tentar assassinar sua irmã no morro do São João. Bryan Santos, de 16 anos, foi morto por uma bala perdida quando tentava proteger uma amiga em meio a um tiroteio em São Gonçalo.
Tal situação é inaceitável, e especialistas ressaltam a necessidade de políticas de segurança mais eficazes, que possam enfrentar e reduzir essa espiral de violência. Maria Isabel Couto, diretora de Dados e Transparência do Instituto Fogo Cruzado, questiona como é possível que tantas mortes de crianças e adolescentes não chocam o poder público a ponto de efetuar mudanças profundas.
O relatório ainda aponta que, ao longo do mês de agosto, foram registrados 155 tiroteios na região metropolitana do Rio de Janeiro. Embora esse número represente uma queda de 54% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando foram registrados 338 tiroteios, ainda é um número alarmante.
É fundamental que sejam adotadas medidas efetivas para combater a violência armada e garantir a segurança da população, especialmente das crianças e adolescentes. A sociedade não pode se acostumar com essas tragédias e deve pressionar o poder público por mudanças. A vida desses jovens não pode ser apenas uma estatística, mas uma questão urgente e prioritária a ser enfrentada.