Além das vítimas de tiros, houve relatos de espancamento, incluindo uma mulher com o braço quebrado, e outras pessoas hospitalizadas, porém sem ferimentos graves. Dois fazendeiros foram presos por porte ilegal de arma, mas a situação de tensão entre indígenas e fazendeiros continua.
A retomada de uma fazenda por parte dos indígenas como parte do território Caramuru teve início na madrugada de ontem (20). Porém, após a mobilização de ruralistas da região via Whatsapp, os indígenas foram cercados por homens fortemente armados que chegaram ao local com dezenas de caminhonetes. Os fazendeiros e comerciantes se mobilizaram para realizar a reintegração de posse da fazenda de forma agressiva e violenta.
A Apib denunciou os desmandos de fazendeiros invasores que reivindicam a posse das terras tradicionais e acusam o povo de ser “falso índio”. A aprovação do marco temporal acentua a intransigência dos invasores, que se sentem autorizados a praticar todo tipo de violência contra as pessoas. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram um dos feridos no chão, cercado pelo grupo de ruralistas comemorando a ação violenta. Além disso, a Apib relatou a participação de policiais na violência contra os indígenas.
Por meio de nota, a Apib exigiu acompanhamento das autoridades e apuração do caso, reforçando que a demarcação das terras indígenas é o único caminho para amenizar a escalada de violência que atinge os povos da região sul da Bahia. A Agência Brasil tentou contato com o Departamento de Comunicação Social da Polícia Militar da Bahia, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.
A morte de Nega Pataxó e a repercussão do conflito entre indígenas, fazendeiros e policiais militar mostram a urgência em resolver os conflitos fundiários no Brasil e garantir a segurança e dignidade dos povos indígenas. É fundamental que as autoridades intervenham e promovam a justiça nesse caso, além de tomar medidas efetivas para proteger as terras indígenas e garantir o respeito aos direitos dessas comunidades.