DIA MUNDIAL DO URBANISMO: Ciência promove organização e acolhimento populacional em áreas urbanas

Nesta terça-feira, 8, é comemorado o Dia Mundial do Urbanismo, uma ciência responsável pela organização da vida em sociedade. “Mas para se ter uma organização verdadeiramente útil do ponto de vista social, econômico e ambiental, pilares que promovem a sustentabilidade, é necessário que o poder público, em comunhão com a sociedade, tome diversas medidas e, entre elas, a elaboração de plano de mobilidade, de arborização e outros”, salienta Renan Silva, arquiteto e professor do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Tiradentes (Unit/AL).

Segundo dados do Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades – Brasil (IDSC – Brasil), quase 70% dos municípios brasileiros estão com classificação baixa de desenvolvimento sustentável. O estudo, divulgado neste ano e que avaliou todos os 5.570 municípios a partir de 100 indicadores, também aponta que nenhuma cidade brasileira alcançou o nível “muito alto” proposto pelo índice.

Renan Silva, que também é especialista em urbanismo, conta que o Dia Mundial do Urbanismo tem como função social alertar a população sobre a importância desse planejamento das cidades com base na ciência e em estratégias, para assim, buscar a promoção do bem-estar para todos.

“Aqui no Brasil, cerca de 85% das pessoas vivem em ambiente urbano. E o mundo gira em torno das cidades direta ou indiretamente. Então, a importância do urbanismo reside na importância da gente organizar a cidade em sociedade, que é majoritariamente urbana”, salienta.

Ao avaliar a cidade de Maceió, o arquiteto cita pontos que poderiam receber atenção a fim de proporcionar sustentabilidade à cidade. São eles: a atualização do Plano Diretor da cidade; a elaboração de um plano de arborização; de um plano de mobilidade; de um plano para resíduos sólidos; participação da sociedade para a construção desses marcos legais; reversão de processos de exploração predatória de recursos naturais, entre outras medidas.

“Entre os principais problemas, pode ser apontada a questão da desigualdade no acesso a serviços, espaços e oportunidades de desenvolvimento. Essa desigualdade se manifesta de diversas formas, na questão de um acesso a um direito constitucional de habitação, na qualidade da habitação, onde é essa habitação – normalmente longe das centralidades, com relação às pessoas em maior vulnerabilidade. Geralmente, essas pessoas moram em locais distantes e/ou com a infraestrutura precária. Cabe propiciar um ambiente em que as pessoas possam ter melhor qualidade de vida”, ressalta.

Como solução para esse problema, ele aponta a estratégia da construção de comércios em áreas onde há habitação, para proporcionar dinamicidade e desenvolvimento na região em questão. Dessa forma, o deslocamento para os postos de trabalho ou outros lugares, poderiam ser facilitados.

O docente também avaliou a importância da presença de arte nas cidades, representadas por pinturas em espaços públicos, grafite, monumentos e outras intervenções artistas. Ele reforça que a presença dessas representações causam um sentimento de pertencimentos às pessoas que utilizam aquele espaço público e que, consequentemente, gera um interesse coletivo em manter a manutenção daquele espaço.

“A gente vive num país que tem pouca oferta de cultura para as grandes massas. Temos poucos museus, poucas galerias de arte. Nossas escolas não fomentam de maneira geral o acesso à arte e cultura e essas manifestações artísticas no espaço público, muitas vezes, são a primeira forma de contato de muita gente com a arte. Então, esse é um fator importante desse tipo de intervenções, mas também elas são importantes em tornar o ambiente um pouco mais atrativo, lúdico, bonito”, ressalta.

Renan também frisa que as cidades dos interiores, por terem menor disseminação territorial e população, possuem potencial de protagonismo, quando comparadas com as grandes cidades, para a promoção de transportes ativos, que são a variedade de meios de transportes públicos de qualidade e meios sustentáveis, a exemplo das bicicletas.

E por fim, o docente cita exemplos de cidades do Brasil e do mundo, que foram capazes de se destacar na promoção da sustentabilidade. São elas: Fortaleza, no Ceará, por ter conquistado prêmios nacionais e internacionais de sustentabilidade e avanço na mobilidade, e Bogotá e Medellín, na Colômbia, que eram cidades sitiadas pelo narcotráfico e foram transformadas, a partir dos anos 90, em modelos de urbanismo.

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