Biasotti recentemente compartilhou comigo um recorte de revista publicado há 40 anos atrás, na revista “Manchete”, que ele considera como uma relíquia guardada com carinho. O trecho em questão relata um caso ocorrido na 27ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, em que a juíza Bitar rejeitou uma queixa do advogado José Raimundo Guimarães (OAB nº 24.990) devido aos erros presentes na petição, tanto em relação ao encaminhamento quanto às agressões à língua portuguesa. Entre outras coisas, o advogado escreveu que “a acusação do querelado feri, agridi, ofendi e degrini a honra…”. Diante dessa situação, a OAB decidiu que o dr. José Raimundo terá que enfrentar um exame de suficiência caso seu diploma não seja falso. Biasotti destaca a preocupação com a possibilidade de que, se aprovado nesse exame, estaríamos “perdidos”.
O problema da má escrita e formação inadequada em português não é algo novo. Infelizmente, muitos profissionais, incluindo médicos, advogados e engenheiros, escrevem de forma deficitária, apesar de terem obtido seus diplomas. Essa falta de preparo começa na educação básica, como evidenciado pelos últimos resultados do exame internacional Pisa, onde a dificuldade na língua portuguesa acompanha os jovens brasileiros, que também enfrentam problemas na área de matemática.
Para combater essa situação, foi criada a bem-sucedida Maratona Escolar, com o apoio da Secretaria de Educação do Rio de Janeiro. Essa iniciativa seleciona ícones da Academia Brasileira de Letras, como Jorge Amado, Guimarães Rosa e Machado de Assis, para servirem de inspiração aos estudantes. Suas biografias são utilizadas como pretexto para que os alunos escrevam textos de 30 linhas sobre suas vidas e obras. A final da maratona sempre ocorre na sede da ABL, atraindo uma grande quantidade de jovens estudantes da rede oficial de ensino para o Teatro R. Magalhães Jr. Essa ação parte do princípio de que a leitura e a escrita desenvolvem o interesse saudável pela língua e literatura.
É necessário despertar a consciência sobre a importância da boa escrita e do domínio da língua portuguesa desde a educação básica até o ensino superior. A preservação da nossa língua é responsabilidade de todos, e a promoção de iniciativas como a Maratona Escolar é fundamental para criar uma nova geração comprometida com a excelência na comunicação escrita.