Desembargador Carlos Biasotti, defensor da língua portuguesa, destaca a importância da preservação linguística e critica a formação inadequada em escolas.

O desembargador Carlos Biasotti, reconhecido pelo seu trabalho no Tribunal de Justiça de São Paulo, não é apenas um destaque da lei brasileira, mas também demonstra um grande apreço pela língua portuguesa. Ele possui um profundo respeito pela Academia Brasileira de Letras, que considera como um grupo de “escritores de raro saber e conselho, dispostos a preservar de generalizada corrupção a gentil língua portuguesa”.

Biasotti recentemente compartilhou comigo um recorte de revista publicado há 40 anos atrás, na revista “Manchete”, que ele considera como uma relíquia guardada com carinho. O trecho em questão relata um caso ocorrido na 27ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, em que a juíza Bitar rejeitou uma queixa do advogado José Raimundo Guimarães (OAB nº 24.990) devido aos erros presentes na petição, tanto em relação ao encaminhamento quanto às agressões à língua portuguesa. Entre outras coisas, o advogado escreveu que “a acusação do querelado feri, agridi, ofendi e degrini a honra…”. Diante dessa situação, a OAB decidiu que o dr. José Raimundo terá que enfrentar um exame de suficiência caso seu diploma não seja falso. Biasotti destaca a preocupação com a possibilidade de que, se aprovado nesse exame, estaríamos “perdidos”.

O problema da má escrita e formação inadequada em português não é algo novo. Infelizmente, muitos profissionais, incluindo médicos, advogados e engenheiros, escrevem de forma deficitária, apesar de terem obtido seus diplomas. Essa falta de preparo começa na educação básica, como evidenciado pelos últimos resultados do exame internacional Pisa, onde a dificuldade na língua portuguesa acompanha os jovens brasileiros, que também enfrentam problemas na área de matemática.

Para combater essa situação, foi criada a bem-sucedida Maratona Escolar, com o apoio da Secretaria de Educação do Rio de Janeiro. Essa iniciativa seleciona ícones da Academia Brasileira de Letras, como Jorge Amado, Guimarães Rosa e Machado de Assis, para servirem de inspiração aos estudantes. Suas biografias são utilizadas como pretexto para que os alunos escrevam textos de 30 linhas sobre suas vidas e obras. A final da maratona sempre ocorre na sede da ABL, atraindo uma grande quantidade de jovens estudantes da rede oficial de ensino para o Teatro R. Magalhães Jr. Essa ação parte do princípio de que a leitura e a escrita desenvolvem o interesse saudável pela língua e literatura.

É necessário despertar a consciência sobre a importância da boa escrita e do domínio da língua portuguesa desde a educação básica até o ensino superior. A preservação da nossa língua é responsabilidade de todos, e a promoção de iniciativas como a Maratona Escolar é fundamental para criar uma nova geração comprometida com a excelência na comunicação escrita.

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