Defesa de tenente-coronel Mauro Cid alega não se lembrar de reunião com Bolsonaro e nega pagamento de R$ 100 mil aos manifestantes.

A defesa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, está alegando que o militar não se lembrava da reunião ministerial usada em uma investigação da Polícia Federal. Além disso, afirmou que ele não sabe explicar o motivo pelo qual guardou o vídeo.

A reunião em questão, que ocorreu em 5 de julho de 2022, tinha em seu conteúdo uma fala de Bolsonaro que instigou os ministros a uma ação golpista antes das eleições. Esta reunião foi utilizada pela Polícia Federal em uma operação que visava atingir o ex-presidente e militares de seu círculo próximo.

Após a operação da Polícia Federal, a defesa de Cid afirmou que o militar procurou o vídeo nos seus arquivos salvos para checar o conteúdo, mas que sequer se lembrava da reunião. A defesa também argumentou que foi pega de surpresa por alguns pontos da investigação da PF, incluindo o suposto monitoramento do ministro do STF Alexandre de Moraes por Cid e o ex-assessor especial da Presidência da República Marcelo Câmara.

Além disso, os advogados afirmaram que desconheciam o diálogo entre o tenente-coronel e o major das Forças Especiais do Exército Rafael Martins de Oliveira sobre o pagamento de R$ 100 mil para custear a ida de manifestantes a Brasília, e que estes pontos ainda serão esclarecidos à PF quando Cid for intimado a depor novamente.

Diálogos obtidos pela PF mostram que em 14 de novembro, Rafael, conhecido como “Joe”, trocou mensagens com Cid e falou sobre a necessidade de recursos financeiros. Cid solicitou uma estimativa de custos com hotel, alimentação e material, e perguntou se a quantia de R$ 100 mil seria suficiente, ao que Rafael respondeu que sim. A defesa de Cid alega que nenhum valor foi efetivamente pago e que isso será explicado à PF em momento oportuno.

As investigações da Polícia Federal apontaram que um núcleo de inteligência paralela composta pelo general Augusto Heleno, Mauro Cid e Marcelo Câmara teria monitorado o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, com o objetivo de captura e detenção após a assinatura de um decreto de golpe de Estado.

Conforme a decisão da Polícia Federal, Cid e Câmara usavam o codinome “professora” para identificar o ministro Alexandre de Moraes. Os deslocamentos feitos entre Brasília e São Paulo por Moraes no período coincidem com as informações relatadas pelos ex-assessores de Bolsonaro e também com as reuniões realizadas no Palácio da Alvorada sobre a confecção de uma minuta golpista.

Todas essas informações estão sendo utilizadas para fundamentar a investigação da Polícia Federal e levantam questões sobre a conduta do ex-presidente e de seus colaboradores mais próximos. É aguardado um novo depoimento do tenente-coronel Cid e demais desdobramentos dessa operação nas próximas semanas.

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