Cura atribuída a Madre Teresa livrou paciente terminal de hidrocefalia

Homem estava com oito abscessos espalhados pelo cérebro.
Caso ocorreu em 2008, e médicos não conseguiram explicar a cura.

IMG_4095

O Vaticano confirmou nesta sexta-feira (18) que irá canonizar Madre Teresa de Calcutá. A cerimônia será realizada em setembro de 2016, segundo a Igreja Católica. O milagre atribuído a Madre Teresa ocorreu em Santos, no litoral de São Paulo, em 2008.

O G1 conversou na manhã desta sexta-feira com o Padre Caetano Rizzi, responsável por encaminhar o processo de canonização ao Vaticano. De acordo com ele, o homem, de 35 anos na época, estava passando lua de mel em Gramado (RS) e teve que ser levado às pressas para Santos. No hospital, ele foi diagnosticado com hidrocefalia (acúmulo de líquido no crânio) e com oito abscessos (infecções) espalhados pelo cérebro.

Um processo de 400 páginas foi mandado para o Vaticano. A equipe médica constatou que de fato houve um milagre”
Padre Caetano Rizzi

“Ele estava no Centro Cirúrgico, inconsciente, e estava faltando um dreno. Quando o médico foi buscar o equipamento, ele recuperou totalmente os sentidos, em poucos minutos. O médico marcou a cirurgia para o dia seguinte, mas o homem acordou e tomou café sozinho. Não houve cirurgia”, relata.

Enquanto o homem estava internado, a mulher dele foi até a Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em São Vicente, e conversou com o padre Elmiran Ferreira, bastante abalada e pediu auxílio.

“Ela falou para o padre que ele estava bastante mal, em estado terminal. O padre deu para ela a medalhinha de Madre Teresa de Calcutá. Ela pegou a medalhinha e colocou no travesseiro dele no hospital. O padre também pediu para ela rezar em nome da Madre Teresa”, lembra.

 Alguns meses depois, um Exame da Ordem dos Médicos foi feito e, no resultado, foi afirmado que a resolução da doença era cientificamente inexplicável. A votação do colegiado, formado por sete médicos, foi unânime.

Além do Padre Elmiran, existiram outras 14 testemunhas ouvidas pelos membros do Tribunal Diocesano, que veio a Santos, em junho, para recolher a documentação e provas do milagre. “Um processo de 400 páginas foi mandado para o Vaticano. A equipe médica constatou que de fato houve um milagre. Nesta terça-feira (15) a comissão examinou e, ontem [quinta-feira] à tarde, o Papa deu seguimento ao processo”, afirma Rizzi.

De acordo com o Padre Rizzi, o reconhecimento é uma gratidão e uma benção para a Igreja da Baixada Santista. “Eu já tinha trabalhado no processo de Santa Josefina Bakhita. Foi extraordinário”, finaliza.

Indiana segura cartaz com a imagem de Madre Teresa de Calcutá (Foto: Rupak De Chowdhuri/AFP)
Indiana segura cartaz com a imagem de Madre Teresa de Calcutá (Foto: Rupak De Chowdhuri/AFP)

Reconhecimento
O Vaticano confirmou nesta sexta-feira (18) que a cerimônia de canonização será em setembro de 2016, segundo a Igreja Católica.

“O Santo Padre autorizou a Congregação das Causas dos Santos a proclamar o decreto sobre o milagre atribuído à intercessão da beata madre Teresa”, afirma o Vaticano em um comunicado.

O Papa Francisco abriu caminho para a canonização após aprovar um decreto reconhecendo um milagre atribuído à religiosa.

De acordo com a vaticanista do jornal de bispos italianos “Avvenire”, Stefania Falasca, Madre Teresa deverá ser canonizada no dia 4 de setembro de 2016, em Roma, por ocasião do Jubileu da Misericórdia, iniciado no dia 8 de dezembro. A data deverá ser confirmada durante um consistório. Ainda não se sabe se a cerimônia será realizada em Roma ou na Índia.

O “Avvenire” afirma que a cura milagrosa atribuída à intervenção de Madre Teresa foi reconhecida durante uma reunião de especialistas da Congregação para as Causas dos Santos, há três dias.

Madre Teresa
Madre Teresa de Calcutá (1910-1997), que nasceu em uma família albanesa na Macedônia, fundou sua própria congregação em 1950, as Missionárias da Caridade, e se dedicou durante mais de 40 anos aos pobres e aos doentes, especialmente na cidade indiana de Calcutá. Ela foi agraciada com o Prêmio Nobel da Paz em 1979.

Seu enterro em Calcutá, no dia 5 de setembro de 1997, foi um acontecimento nacional na Índia e milhões de pobres acompanharam seu corpo pelas ruas da cidade. O funeral contou com a presença de chefes de Estado e governantes de todo o mundo.

Esta religiosa, uma das mais famosas e populares do mundo cristão, foi beatificada por João Paulo II no dia 19 de outubro de 2003, em Roma, durante uma cerimônia que teve a presença de 300 mil fiéis.

As Missionárias da Caridade tiveram origem em uma pequena congregação, que se transformou em uma rede que conta com cerca de 4.500 religiosas que trabalham em mais de 130 países, onde têm em torno de 700 casas dedicadas a ajudar os mais desfavorecidos.

A Ordem comemorou nesta sexta, em sua central na cidade de Calcutá, no leste da Índia, o anúncio da canonização.

“Estamos muito felizes e agradecidas. Soubemos da notícia nesta manhã”, disse à Agência Efe a porta-voz da congregação em Calcutá, a irmã Christie, que reconheceu que as religiosas foram pegas de surpresa com o anúncio e que ainda não sabem o que vão fazer para celebrar a boa nova.

Caminho para se tornar santo
São três as etapas pelas quais deve passar o candidato a santo – confirmação das “virtudes heroicas”, beatificação e canonização –, para as quais se necessita de um milagre comprovado.

O primeiro passo para o processo de beatificação geralmente é dado pelo bispo da diocese à qual pertence o candidato e dificilmente antes dos cinco anos posteriores à sua morte.

Durante a investigação, primeiro se demonstra que o candidato tinha “fama de santidade” e que merece ser proposto à canonização.

Os teólogos consultores, os cardeais e até o papa têm o direito de opinar nesta etapa do processo, depois da qual se pode prever a beatificação, sempre e quanto se tenha demonstrado pelo menos a existência de um milagre que possa ser atribuído ao candidato.

Mas demonstrar a validade do milagre não é tarefa fácil. A Congregação para as Causas dos Santos se vale da assessoria de uma equipe de 70 médicos e vários especialistas, assim como dos estudos clínicos aos quais é submetido o indivíduo supostamente curado por um milagre.

Uma primeira aproximação do fenômeno denominado “milagre” é que a cura tenha acontecido de forma instantânea, perfeita e duradoura e inexplicável cientificamente, como a de uma doença incurável ou muito difícil de se tratar.

G1

Jornal Rede Repórter - Click e confira!




Botão Voltar ao topo