Corte de verbas ameaça operações da UNRWA em Gaza, alerta secretário-geral da ONU e gera tensão entre Israel e Estados Unidos

O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, expressou sua preocupação com a decisão de suspender o financiamento da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) por parte dos Estados Unidos e de outros países. Segundo Guterres, o corte de verbas representa uma ameaça às operações no enclave. A agência foi acusada de envolvimento com o grupo terrorista Hamas e demitiu funcionários sob a alegação de participação em ataques a Israel.

Em uma declaração neste domingo, 28, Guterres reiterou sua consternação com as denúncias e prometeu que todos os envolvidos seriam punidos, pedindo que o financiamento seja mantido para garantir a continuidade das operações em Gaza. Ele enfatizou que dois milhões de palestinos dependem da ajuda que pode cessar em fevereiro sem os recursos internacionais.

O secretário-geral detalhou que entre os 12 acusados, nove foram demitidos imediatamente, um havia falecido e os outros dois estão sendo identificados. “Qualquer funcionário envolvido em atos terroristas será responsabilizado, inclusive por meio de processo criminal”, afirmou.

Por outro lado, o embaixador de Israel para as Nações Unidas, Gilad Erdan, criticou a postura de Guterres e defendeu o corte de verbas para a agência, alegando que a segurança dos cidadãos de Israel não parece ser uma prioridade para o secretário-geral.

A acusação contra a UNRWA veio à público na sexta-feira, 26, quando a ONU confirmou a demissão de funcionários supostamente envolvidos com o Hamas. No mesmo dia, os Estados Unidos, o maior doador da UNRWA, suspendeu o financiamento da agência. Essa decisão foi seguida por outros países, incluindo Alemanha, Austrália, Canadá, Itália, Reino Unido, Finlândia e Holanda.

O corte de verbas foi criticado pelo comissário-geral da agência, Philippe Lazzarini, que considerou chocante a suspensão de fundos devido a alegações contra um pequeno grupo de pessoas.

A UNRWA é a maior organização na Faixa de Gaza e foi alvo de repetidas acusações por parte de Israel, que questiona a neutralidade das Nações Unidas no conflito árabe-israelense. A agência foi criada em 1949 para prestar assistência aos palestinos deslocados pelas guerras que se seguiram à criação do Estado de Israel. Do lado árabe, a UNRWA é considerada essencial no fornecimento de serviços básicos para essas pessoas e seus descendentes.

A situação foi agravada com a guerra desencadeada pelo ataque de terroristas do Hamas que resultou em mortes e reféns. Diante do conflito, a agência passou a fornecer abrigo em suas instalações para os deslocados internos no enclave, além de alimentos e remédios.

Muitos palestinos defendem o retorno às antigas casas no que hoje é Israel, enquanto Tel-Aviv teme que uma migração como essa acabe com o caráter judaico do Estado. Israel afirma ainda que o currículo das escolas administradas pela UNRWA promove a oposição à existência do Estado de Israel, acusação que a agência nega.

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